*Por Silvana Pires
O presidente Jair Bolsonaro entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal para suspender as medidas cautelares de bloqueio, interdição ou suspensão de perfis em redes sociais, sob o argumento de que afrontam a Constituição.
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Apesar de não ter citado na ação a decisão do ministro Alexandre de Moraes – que tirou do ar contas de apoiadores do governo –, fica claro que é uma resposta política do presidente da República para os bolsonaristas. Principalmente para a ala mais radical, que ainda está sem entender seu silêncio em relação ao bloqueio dos perfis e também a facilidade com que ele tirou da vice-liderança do governo a deputada Bia Kicis – uma de suas defensoras mais aguerridas.
A questão é que, para esse movimento nitidamente político, o presidente da República usou a Advocacia-Geral da União sob o pretexto de defender a liberdade de expressão dos brasileiros.
À coluna, o presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz, criticou o uso da AGU:
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– É errado. Ela não é defensoria da linha política do presidente.
Por mais que a decisão de Alexandre de Moraes tenha sido polêmica, afinal, tirou do ar perfis de pessoas que nem são rés, não justifica o fato do presidente da República usar um órgão público para defender, na mais alta Corte do país, um grupo de aliados.
Apesar de discutível, pelo menos por enquanto, a estratégia adotada por Bolsonaro serve de resposta ao eleitor mais fiel, que sente falta do presidente esbravejando nas redes sociais. Enquanto isso, Bolsonaro está cada vez mais alinhado com o centrão, que pode lhe dar governabilidade e, se necessário, lhe livrar de um eventual pedido de impeachment.