*Por Silvana Pires
Ao tirar da vice-liderança da Câmara uma das deputadas mais aguerridas na defesa de seu governo, o presidente Bolsonaro voltou a deixar claro que as únicas pessoas que podem contar com sua lealdade até o final são seus filhos.
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Os demais, ao sair da cartilha desenhada, são deixados de lado, como ocorreu com Bia Kicis (PSL-DF). A parlamentar afirmou que ficou sabendo pela imprensa e que foi surpreendida, mas que não ia dizer que se “sentiu traída”.
Em reunião na terça-feira, horas antes da votação do Fundeb, com líderes partidários e o ministro da Secretaria-Geral, general Luiz Eduardo Ramos, ficou acertado que eles precisam acatar as decisões do Planalto e que quem não quisesse votar com o governo, mesmo sendo líder, teria de sair.
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> Sob risco de extinção, Fundeb somou R$ 6,2 bilhões para a educação de SC em 2019
Bia Kicis foi uma dos sete parlamentares que votaram contra o Fundeb. O cartão vermelho veio no dia seguinte. Mas esse não foi o único motivo. Há a digital do centrão nessa troca. O bloco partidário tem cada vez mais influência, e Bolsonaro precisa desses parlamentares. Sai a ala mais radical e entra em campo quem pode ajudar a aprovar as reformas e, em um eventual pedido de impeachment, salvar o presidente. Bolsonaro estuda dar a liderança do governo para um deputado do centrão, no caso, Ricardo Barros (PP). À coluna, Barros desconversou:
– Bolsonaro tem enorme apreço por Victor Hugo.
Nos bastidores, o que se fala é que a troca é só questão de tempo. A julgar pela facilidade com que Bia Kicis foi deixada de lado, não vai demorar muito.
Faltou cuidado
Não há outra palavra para descrever a decisão do presidente Jair Bolsonaro em não usar máscara: irresponsabilidade. É inadmissível que alguém que comprovadamente está com coronavírus coloque em risco a vida de outras pessoas. A imagem é clara, Bolsonaro parou para conversar com garis que faziam a limpeza de uma área externa do Palácio da Alvorada e estava sem máscara. Os números da covid-19 no país são alarmantes, 84.082 mortes e 2,28 milhões de contaminados. Não precisamos de maus exemplos como esse.
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Em busca de um candidato
Parlamentares que apoiaram Davi Alcolumbre para a presidência do Senado agora tentam encontrar um nome capaz de derrotá-lo na próxima eleição. Os senadores acreditam que o Supremo irá autorizar que ele concorra à reeleição – o que não é permitido pelo regimento dentro de um mesmo mandato. Decepcionados com Alcolumbre, os colegas lembram que há vários pedidos de impeachment contra ministros do STF que ainda não foram analisados por ele.