As eleições municipais viraram um desafio de civilidade para o país. A primeira missão começa na definição da data. A necessidade de adiamento é óbvia, mas estender mandato é abuso. Por isso tem lógica a decisão do Senado de deixar o pleito para os dias 15 e 29 de novembro, em sintonia com o que defende o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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No novo normal, a Justiça Eleitoral precisa dar segurança a quem vai trabalhar no dia das eleições e a quem vai votar. A campanha precisa ser intensa para evitar o desânimo do eleitor e alto índice de abstenção. Afinal, a campanha será diferente, muito mais concentrada nas redes sociais, sem aglomerações e apertos de mãos. E diante do terrível momento econômico, também o Ministério Público Eleitoral precisará estar atento à velha e desprezível compra de votos.
O movimento na Câmara para empurrar tudo para 2022 é turbinado por prefeitos. São administradores que querem ficar mais tempo no cargo ou temem perder a chance de reeleição, diante da profunda crise política que estaremos vivendo no segundo semestre. E é aí que entra o segundo desafio: a eleição municipal de 2020 será o retrato do caos que estamos vivendo. O eleitor não deve buscar um mito, uma fanfarrona ou um bravateiro.
O momento é de buscar pessoas com responsabilidade pública, com respeito às instituições, com capacidade de gerenciamento de diálogo. Difícil? Pense bem. Analise bem o comportamento de políticos e empresários neste momento de auge da pandemia. E ainda tem o terceiro obstáculo, que é o próprio pleito.
Lugar vazio
O ministro-interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, já participou de várias reuniões com os parlamentares, mas foge da imprensa. A tradicional entrevista coletiva, em que jornalistas tiram dúvidas técnicas e políticas, perdeu força desde que Luiz Henrique Mandetta deixou o governo. Alguém pode achar que isso não faz falta. Mas na prática não é bem assim. Autoridade pública tem obrigação de prestar contas. E ser confrontado com questões desconfortáveis também faz parte do jogo.
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Discreto, o general evita a imprensa para evitar polêmica. E também para não assumir um papel de liderança no comando da crise. Um lugar que hoje está vago. E não existe lugar vazio no poder. O próprio Tribunal de Contas da União (TCU) já puxou a orelha do governo quanto à falta de transparência.