A prisão de Fabrício Queiroz na chácara do advogado ligado ao presidente da República pode ser o começo do fim do governo de Jair Bolsonaro. Daqui para frente, tudo vai depender do tamanho do desgaste político que essas investigações podem ganhar, envolvendo de rachadinhas à relação com a milícia do Rio.
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Bolsonaro se elegeu com poucas bandeiras de campanha, mas entre elas estava a tal da nova política e o combate implacável à corrupção. A aliança com o centrão já consumiu a primeira bandeira. Alvo das investigações do caso das rachadinhas, o senador Flávio Bolsonaro resumiu a situação como perseguição ao pai. Dez entre 10 políticos enrolados apresentam essa mesma desculpa.
Parlamentares bolsonaristas, em especial da bancada da segurança, gostavam de argumentar que esse caso da Assembleia do Rio era um problema de Flávio, que o pai nada tinha a ver com isso. Mas o presidente foi sugado de vez para a tempestade.
Por amadorismo ou arrogância, Frederick Wassef acolheu por cerca de um ano o famoso Queiroz em sua chácara. Wassef é defensor de Flávio e sempre se apresentou como advogado do presidente da República, frequenta com desenvoltura os salões dos palácios do Planalto e da Alvorada e serve até de conselheiro para Bolsonaro em algumas ocasiões.
Além da guerra fria com o STF, Bolsonaro agora enfrenta o risco Queiroz e está cada vez mais concentrado em salvar a própria pele. Enquanto isso, o país passa uma pandemia e mergulha na maior crise econômica dos últimos tempos.
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Contornado
À coluna, o general Mourão afirmou que a crise Queiroz é contornável:
– Temos de esperar os desdobramentos disso tudo, mas acho que é contornável.
Uma nota negando que Frederick Wassef seja advogado do presidente da República foi publicada.
Compostura
Ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, o general reformado Sérgio Etchegoyen disse à coluna que alguns integrantes do Supremo perderam a compostura. Ele comentou que, na mais recente crise, o STF foi para a rua bater boca.
– Nunca na minha vida vi ministro, vi juiz fazer isso, defender suas posições. Eu não sei se, olhando no mundo civilizado, de um país com um tamanho do nosso, a gente vê essas coisas.
Sem legado no MEC
Embora tenha fracassado nas duas chances que teve de comandar o Ministério da Educação, a ala ideológica do governo deve continuar dando as cartas no MEC. Abraham Weintraub não foi afastado por incompetência, embora mereça, mas porque se desgastou junto ao STF.
O que o ministério precisa, agora, é de um técnico com bom diálogo com secretários de Educação para desenhar um plano para o pós-pandemia. Interino, o secretário-executivo Antonio Paulo Vogel poderá assumir esse papel.
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