Abraham Weintraub está fora do Ministério da Educação após colecionar polêmicas e ganhar a pecha de pior titular que a pasta já teve no país. Ganhou “de presente” uma vaga no Banco Mundial, mas não saiu sem, antes, anular uma portaria que estabelecia cotas para negros e indígenas nos programas de pós-graduação das universidades brasileiras. Um arremate para uma gestão marcada por atos que apequenaram a função.
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A gestão de Weintraub incluiu a demora do Ministério da Educação em decidir sobre o adiamento do Enem, medida necessária para garantir igualdade de condições de concorrência a milhares de jovens que não têm acesso a meios não convencionais de estudo durante a pandemia. O ministério só atendeu ao pedido depois de pressionado pelo Congresso Nacional.
No ano passado, outro problema com o Enem: uma confusão com os gabaritos prejudicou as notas de 5 mil estudantes, e o caso foi parar na Justiça.
O ministro, que deveria impulsionar as universidades e institutos federais, patrimônio da educação pública brasileira, tinha predileção por atacá-los. Durante o episódio do corte de verbas às instituições federais, falou em reduzir os recursos para instituições que fizessem “balbúrdia”. Chegou a dizer que as universidades mantinham plantações de maconha e laboratórios para produção de drogas.
Por fim, queria ter plenos poderes para nomear reitores durante a pandemia, criando a figura do ‘reitor biônico’ em plena democracia. A polêmica levou o governo a voltar atrás.
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O Ministério também está às voltas com a inércia em relação ao Fundeb, o fundo que é repassado a estados e municípios para a educação básica. O modelo de financiamento vence este ano, e até agora não há definição sobre o futuro.
Isso tudo para ficarmos apenas no âmbito da Educação, porque Weintraub também conseguiu causar polêmicas até com a política externa do país e tem problemas sérios com a língua portuguesa. Me ative à gestão do Ministério porque foi para isso que o salário dele foi pago, todo mês, pelos brasileiros.
A gestão de Weintraub é uma prova do estrago que a nomeação ideológica pode trazer a setores estratégicos do país. Para o olavista ex-ministro da Educação, o que estava em jogo era a narrativa, o simbolismo. Sai do ministério deixando a sensação de que, ao invés de realizações, deixou um rastro de desfeitos.
O anúncio da saída do ministro suscitou comemoração entre os mais otimistas. Pois lembro aos desavisados que o primeiro ministro da Educação do atual governo, Vélez Rodríguez, era outro membro da ala olavista, para quem a solução para os problemas da educação no país incluía cantar o hino nas escolas. Saiu Vélez, entrou Weintraub.
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Não há motivo para comemorar a troca enquanto a política do governo para a Educação for ideológica.
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