Antes de a Copa do Mundo de Clubes começar, profetizei nesta coluna, com todo o otimismo e a confiança que um coração alvinegro possa permitir: os quatro brasileiros farão um papelão nos Estados Unidos. Como um zagueiro viril mas sem perder a ternura, meu editor cobrou: “Agora você precisa se redimir”. Confesso: errei feio, errei rude. Palmeiras, Botafogo, Flamengo e Fluminense brilham no mundial. Os quatro chegaram às oitavas-de-final mostrando talento, criatividade, garra, organização tática, para surpresa principalmente dos rivais europeus. Mas, confessem também, ninguém esperava tanto sucesso assim.
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Começamos pelo Botafogo, o meu Botafogo, o último campeão da Libertadores e do Brasileirão. Pegou o grupo mais difícil da primeira fase, ao lado do riquíssimo, fortíssimo, poderosíssimo, belíssimo, maravilhosíssimo, estreladíssimo campeão da Europa.
Éramos a zebra do grupo. Nas casas de apostas, tínhamos zero por cento de chances de chegar ao título. Estreamos mal. Logo depois veio o temido jogo contra o Paris Saint-Germain. Indagado sobre o meu palpite, chutei: PSG 32 x 2 Botafogo.
Errei de novo, aleluia. Com uma estratégia defensiva fortíssima, dez leões em campo e um deus chamado Igor Jesus, vencemos o time francês por 1 a 0. Uma vitória que abalou o mundo. Uma das coisas mais lindas que vi na vida.
Ao final do jogo, meia-noite de uma quinta-feira, abri a janela do apartamento e gritei: Fooogooo!!! A cachorrada do prédio se alvoroçou. Fui repreendido pelo síndico no dia seguinte. Bronca merecida mas justificada, faria tudo de novo outra vez.
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Agora vamos enfrentar o Palmeiras na primeira fase eliminatória, neste sábado (28/6). Logo o também soberano Palmeiras, que fez uma campanha irregular e mesmo assim acabou em primeiro do seu grupo. O Palmeiras que tem um técnico brilhante e chato, o português Abel Ferreira, o mais vitorioso da história do clube paulista. O Palmeiras que tem uma legião de ótimos jogadores estrangeiros. Juntos – um contra o outro e vice-versa -, Palmeiras e Botafogo terão uma ótima oportunidade para mostrar ao planeta a verdadeira essência do futebol brasileiro. E, alvíssaras, um deles já estará nas quartas-de-final.
O que dizer do Flamengo, cheio de craques em campo? Foi o primeiro time de toda a Copa do Mundo a garantir a vaga na segunda fase. Vi Flamengo x Chelsea ao lado de meu pai. Ele é um rubro-negro plácido e sossegado (adjetivos raríssimos para os torcedores do Flamengo). Comemoramos, ele, eu e minha irmã também alvinegra, os três gols da vitória sobre o time britânico. Gritamos, xingamos o árbitro, nos abraçamos no fim do jogo. Na hora de ir embora, ele nos disse: “Filhos, o Botafogo vai ser campeão mundial”. Respondi: “Pai, você está ficando um velho muito doidão”. Nos despedimos com um beijo e olhos molhados.
Por fim tem o Fluminense. Liderado em campo por Jhon Arias (colombiano incansável e luminoso) e no banco de reservas pelo quase-sempre fanfarrão Renato Gaúcho, o tricolor carioca fecha a lista dos quatro brasileiros classificados para as oitavas-de-final. Um sucesso, uma completa surpresa, um total encantamento.
Chegaremos à decisão, dia 13 de julho? Seremos campeões? Assombraremos o mundo? Fico com a frase do escritor francês Victor Hugo, em “Os Miseráveis: “Não há nada como o sonho para criar o futuro. Utopia hoje, carne e osso amanhã”.
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Van Gogh, mestre pós-impressionista holandês
“Não tenho certeza de nada, mas a visão das estrelas me faz sonhar”
Percival Everett, escritor americano
“Se alguém estiver pensando em mim ao ler os meus livros, é porque falhei como escritor. Estou te ensinando a voar”
Hanif Kureishi, escritor britânico
“Um filho precisa de espaço, é essa distância que os torna indivíduos, de outra forma eles podem ser engolidos por nós, nunca podem ir embora e ser eles mesmos”
Roberto Bolaño, escritor chileno
“Comovem-me os jovens que dormem com um livro debaixo da cabeça. Um livro é a melhor almofada que existe”
Aline Bei, escritora brasileira, em “Uma Delicada Coleção de Ausências”
“É preciso cuidar da alegria também”
Micheliny Verunschk, escritora brasileira, em “Depois do Trovão”
“A ordem da guerra é a desordem, que o certo da guerra é o errado e que o caminho dela é estar perdido”
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