Na última semana, completaram cinco anos de uma das grandes injustiças cometidas em Santa Catarina, que terminou de forma trágica. Em 14 de setembro de 2017, o então reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier de Olivo, foi levado preso pela Polícia Federal em uma operação policial chamativa e espetaculosa, mas pouco consistente. O lavajatismo, tão na moda na época, destruiu a reputação do reitor e o levou ao suicídio.

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A Operação Ouvidos Moucos, que levou Cancellier à prisão e motivou sua morte, apurava um suposto “desvio de R$ 80 milhões” – valor que mais tarde se mostrou descabido. As suspeitas que recaíam sobre o reitor eram de obstruir as investigações. Nos relatos que fez aos amigos mais próximos sobre as horas que passou na prisão, Cancellier contou que foi algemado, interrogado, despido. Um dia e meio depois, deixou a prisão proibido de colocar os pés na universidade.

Em janeiro, após o lançamento do livro “Recurso Final”, do jornalista Paulo Markun, que escreveu sobre a Operação Ouvidos Moucos, conversei sobre a morte de Cau com Acioli Cancellier, irmão mais velho do reitor. Ele falou sobre a espetacularização da prisão.

– O que o matou foi a repercussão midiática, orquestrada pela Polícia Federal. Quando meu irmão esteve nas páginas dos portais, nos jornais de repercussão nacional, estava condenado.

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O espetáculo é um tipo de tortura moderna. Um desvio perigoso em uma sociedade que avalia sua Justiça incompetente para punir na forma da lei, e promove o justiçamento pela destruição de reputações. Um modus operandi que carrega junto os direitos mais elementares, e a civilidade.

Em janeiro, quando escrevi sobre o livro de Markun, fiz também um “mea culpa”. O jornalismo errou na maneira como tratou o caso de Cancellier. A prisão do reitor, desproporcional para o momento das investigações e as acusações contra ele, não foi questionada como deveria, no momento em que deveria ter sido. O caso virou parâmetro do que não fazer em uma cobertura jornalística.

Cinco anos depois, a morte de Cau é constantemente lembrada como a última consequência de um justiçamento espetaculoso que, durante um período histórico, tomou conta do Brasil. Ainda que tardiamente, a prisão do reitor é reconhecia como um marco daquilo que o país não pode repetir.

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