Uma força-tarefa mobilizada esta semana, para salvar um filhote de baleia franca que enroscou em uma rede de pesca, é um retrato dos problemas trazidos à fauna marinha por interferência humana. O bebê era acompanhado pela mãe, o que tornava a operação delicada e perigosa. Por fim, conseguiu se salvar – uma sorte que muitos outros animais não têm em Santa Catarina, segundo dados do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos.
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Os mamíferos são vítimas comuns de uma estatística que, só este ano, chega a 10 animais mortos por dia no Estado. As toninhas, um tipo de golfinho, estão entre recordistas em resgates.
A Associação R3 Animal, em Florianópolis, que faz o atendimento de aves e mamíferos resgatados por meio do Projeto de Monitoramento de praias, também já tratou este ano quatro lobos-marinhos – um deles, ferido por uma hélice de barco.
Mas o que chamou atenção neste inverno foi a quantidade de pinguins-de-magalhães que chegaram às praias. A R3 Animal mantém 28 em tratamento.
Diferente de outros animais, a maioria dos pinguins chegam à praia naturalmente, cansados do percurso migratório. Mesmo assim, neste inverno pelo menos cem foram localizados mortos de uma só vez na orla da Capital – prováveis vítimas da pesca, como indicou a necropsia.
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Dos pinguins em tratamento, 16 estão recuperados e prontos para entrar na piscina, fase que antecede a volta ao oceano. Outros, no entanto, ainda estão anêmicos, hipotérmicos e enfrentarão mais tempo de reabilitação. Segundo a médica veterinária da Associação R3, Marzia Antonelli, muitos chegam desidratados e com quadro de pneumonia, o que demanda maiores cuidados. Eles ficam isolados dos demais, alimentando-se de uma papinha feita com peixes.
Intoxicações são comuns
Outras aves, como as gaivotas, costumam ser mais afetadas pelo ser humano do que por seu ciclo migratório natural. Como elas comem de tudo, muitas vezes morrem ou chegam à reabilitação com sinais de intoxicação, que pode estar relacionada à poluição.
– É uma situação que preocupa bastante. Os animais sofrem com a ingestão de resíduos sólidos, o aumento no tráfego de embarcações, que favorece as colisões, a poluição, o descarte inadequado de esgoto nos mares – diz Cristiane Kolesnikovas, médica veterinária e presidente da associação.
No ano passado, a R3 Animal conseguiu tratar com sucesso 231 animais, a maioria gaivotas. No primeiro semestre deste ano, três espécies de aves estão entre as recordistas entre as que chegam às praias – pinguins, atobás e gaivotões.
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