Foi necessária a exposição de detalhes da condenação de Robinho na imprensa e a consequente pressão dos patrocinadores para que o Santos, enfim, decidisse suspender a contratação. Como bem lembrou o comentarista Walter Casagrande, na SporTV, foi o final possível para uma negociação que sequer deveria ter começado.

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Não se relativiza estupro. É vergonhoso e simbólico que um clube da primeira divisão coloque em posição de ídolo um homem que foi condenado pelo crime em primeira instância, ainda que o caso esteja em fase de recurso.

Não se trata de um trabalho comum, mas de um espaço privilegiado de visibilidade. Diferente de qualquer trabalhador, o atleta está em posição de herói potencial, de modelo e exemplo.

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Admitir que Robinho pudesse ocupar esse espaço mostra o quanto o Brasil naturaliza a violência contra a mulher – e o quanto ainda precisamos avançar enquanto sociedade.

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A transcrição das conversas do jogador com outros acusados, que consta no processo na Itália, é repugnante. A maneira como ele se referiu ao caso no Brasil, se dizendo ‘perseguido’ pela imprensa que o expôs e culpando o feminismo, é igualmente infame.

O episódio é o retrato da cultura do estupro, que tem exposto mulheres a séculos de subjugação. No âmago desse relativismo perverso estão a culpabilização da vítima e a objetificação da mulher, como alguém que está disponível para saciar impulsos. Um ser desprovido de dignidade, de humanidade.

Não há talento em campo que supere um estupro.

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