Entrevista
Luis Eduardo Rangel, secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura
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Entenda como o embargo europeu atinge a pesca catarinense
No setor pesqueiro se fala que reverter a suspensão passa a ser mais difícil. O senhor acredita que esse seja o cenário?
Não acredito. A questão da suspensão é eminentemente técnica. Por isso a gente aposta no pragmatismo, tanto europeu quanto brasileiro. Vínhamos tomando medidas muito fortes desde o final do ano passado até agora, estamos nos alinhando às exigências do mercado europeu, a gente está regulando por exemplo as embarcações, o que era uma grande demanda no cenário europeu desde o início da década de 2010. Temos conseguido fazer mudanças nisso e apresentado avanços nesse processo. Os europeus reconheceram os avanços brasileiros e disseram que, no momento em que o Brasil se sentir preparado, eles podem reabilitar o mercado brasileiro. Nós temos um dever de casa a ser feito. Precisamos reposicionar as nossas posições técnicas da maneira mais austera possível. O que difere neste momento é que a União Europeia tomou uma decisão. Nós não entendemos que haja uma diferença sob o ponto de vista de efeito, mudou apenas o posicionamento político, de inverter o domínio da reabertura. O poder de reabertura de mercado hoje está no lado europeu.
É possível comparar a situação do pescado com a do frango?
Não, são mercados muito diferentes, com status de maturidade diferentes. A questão do frango passa por uma prova de credibilidade das empresas, já no caso dos pescados é mais a cadeia de rastreabilidade, principalmente envolvendo a questão das embarcações. Dentro de uma conotação política, é o mesmo bloco que está olhando para o Brasil isso pode estar dentro do mesmo contexto. Mas são mercados muito diferentes, com questões diferentes a serem resolvidas para a reabertura.
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O tratamento do setor pesqueiro é igual ao que tem sido dado à carne e ao frango no governo?
Sim, as proteínas são tratadas no mesmo contexto. A suspensão espontânea, ou seja, por parte do governo brasileiro, é uma ferramenta antecipatória pra qualquer tipo de crise que possa acontecer no mercado exportador. Isso pode ser usado de maneira cautelar, e a gente usa de maneira estratégica para preservar os mercados. Obviamente em determinados mercados isso ganha uma outra conotação, sai da esfera técnica e entra na esfera mercadológica. O Brasil vende hoje para mais de 150 mercados. O europeu é importante, temos que preservá-lo e conquistá-lo, deixar clara a nossa competência para vender com qualidade. Mas hoje também temos mercados muito importantes como por exemplo o asiático. Temos que manter austeridade e vender com qualidade para eles.
