A decisão da prefeitura de Itajaí de demolir o antigo prédio dos Correios, na Rua Gil Stein Ferreira, tem sido alvo de críticas desde sábado, quando as máquinas da Secretaria de Obras iniciaram o desmonte. Ocorre que a própria prefeitura havia negado aos Correios a demolição total do edifício depois que ele foi desativado, em 2015. O motivo, então, era preservar a construção antiga caso houvesse um processo de tombamento.
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Recentemente, o município voltou atrás e cedeu o alvará de demolição total, como era pedido pela empresa pública. Foi esse documento, expedido pela Secretaria de Urbanismo, que autorizou que o prédio fosse ao chão.
O secretário responsável pela pasta, Rodrigo Lamin, diz que a decisão levou em conta a estrutura do prédio, que estava em estado de deterioração e abandono, e o fato de não haver nenhum processo de tombamento histórico aberto.
O presidente da Fundação Cultural, Normélio Weber, reitera o posicionamento do Urbanismo.
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– Não tinha como manter de pé, o prédio estava condenado. No início, quando se começou a negociar, a parte da frente seria mantida. Mas os técnicos constataram que (a estrutura) não tinha condições de reformada. O custo seria muito alto – explicou.
Defesa Civil e Secretaria de Obras têm a mesma versão para os fatos. Mas nenhum dos dois órgãos tem laudos que apontem para a necessidade de derrubar toda a estrutura.
Tombamento
A historiadora Marlene Rothbarth conta que o prédio marcou o período de unificação dos Correios com o Telégrafo. No andar térreo funcionava a agência, e em cima, a casa do diretor. Havia ainda importância no estilo arquitetônico, característico da época.
Um processo de tombamento poderia, em tese, ter salvado ao menos a fachada do edifício, construído a partir de 1940 e inaugurado em 1942. A historiadora, que é representante da Associação Empresarial de Itajaí no Conselho de Patrimônio de Itajaí, diz que o assunto chegou a ser levantado, mas a discussão não prosperou. Ela reclama de falta de políticas públicas para o patrimônio.
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– O conselho pouco se reúne. Não há interesse – disse.
O presidente da Fundação Cultural, Normélio Weber, que preside o Conselho de Patrimônio, diz que as reuniões não vinham ocorrendo porque mandato dos conselheiros venceu e foi necessário reeditar as nomeações devido à reforma administrativa feita pela prefeitura e ao fato de algumas entidades representativas da sociedade civil terem deixado de existir.
– Esse processo teve uma demora por conta dos processos legislativos na Câmara de Vereadores. Mas está concluído e o novo conselho já está nomeado. Mas não havia nada na pauta sobre o prédio dos Correios, que também não era tombado.