A decisão do governo Lula de federalizar o Porto de Itajaí passou pela articulação do presidente nacional do Sebrae, o ex-deputado federal catarinense Décio Lima (PT). Ao longo das últimas semanas, foi Décio, atuando nos bastidores, o responsável pelo lobby da federalização em Brasília.
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A articulação passou pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, que encampou a ideia. Outros ministros, no entanto, eram refratários ao movimento. A coluna apurou que um deles seria Alexandre Padilha, das Relações Institucionais.
O assunto repercutiu durante a reunião nacional do PT, no dia 7 de dezembro, com opiniões divergentes no partido. O mesmo ocorreu na reunião da executiva estadual, dias depois. Na semana passada, no entanto, uma fonte de Brasília garantiu à coluna que o projeto estava consolidado: “Décio convenceu o Lula”, afirmou.
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Décio Lima foi citado pelo governador Jorginho Mello (PL) nesta terça-feira, numa mensagem em vídeo, gravada logo após a confiração da federalização. Jorginho pediu a Décio que não leve o projeto adiante. O presidente do Sebrae não respondeu – dentro nem fora das redes sociais.
Décio Lima já foi superintendente do Porto de Itajaí entre 2005 e 2006, e foi o responsável pela indicação do advogado João Paulo Tavares Bastos como administrador do terminal. Ainda na terça, após a consolidação do movimento de federalização, ele disse que a mudança é uma resposta ao período de ociosidade do terminal de contêineres, que começou em 2022 e durou quase dois anos.
– O governo Bolsonaro queria privatizar o Porto de Itajaí e causou essa crise. O governo federal não pode lavar as mãos porque o porto tem impacto na economia, na geração de empregos – afirmou.
A federalização é uma aposta política arriscada, que pode alavancar Décio Lima – e, com ele, o PT – mas também pode dar errado. A medida é criticada por trabalhadores portuários, entidades e associações empresariais, e por uma boa parte do campo político – inclusive por partidos que integram a base do governo Lula. Há receio de que atrelar a administração do Porto de Itajaí ao Porto de Santos provoque um esvaziamento da ascendência que a cidade tem sobre a atividade portuária, levando o governo federal a contratar uma crise. A experiência anterior de vinculação dos dois portos, até a década de 1990, não foi bem sucedida para Itajaí.
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No governo, a resposta ao risco de desgaste está bem azeitada. Na última quinta-feira, em Joinville, o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Fiho, disse à coluna que “não viu manifestações semelhantes quando o porto ficou fechado”.
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