O Sindicato das Escolas Particulares de Santa Catarina (Sinepe-SC) divulgou um vídeo para defender a retomada das aulas na rede particular no Estado. A peça publicitária, que foi produzida para sindicatos de todo o país, afirma que “trancar todos em casa não é ciência” e que as escolas estão prontas para receber os alunos.

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Num exercício de empatia, é compreensível o desejo de retomar o mais rapidamente possível as atividades escolares. Mas o vídeo, que foi replicado nacionalmente, é especialmente inadequado em Santa Catarina, onde a pandemia está em plena aceleração e o índice de letalidade é crescente.

Enquanto o mundo todo ainda busca uma maneira de conviver com o vírus, a rede privada de ensino anuncia que já sabe lidar com ele. O vídeo admite que a ameaça da pandemia vai continuar, mas as escolas já teriam como contornar o problema com protocolos. “O Covid nunca irá de todo, o que acaba é o medo”, diz a narração.

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A mensagem segue, com afirmações como a de que “estudos só confundiram”, para defender que o isolamento social – apontado por especialistas como a única maneira eficaz de conter a transmissão – não faria sentido. “Confinar é desconhecer, ignorar, subtrair vida, é fragilizar, debilitar, mexer com o emocional. As crianças precisam voltar a se relacionar”, afirma o vídeo.

As escolas particulares enfrentam sérios problemas desde o início da pandemia. Precisaram adaptar as plataformas de ensino, com as quais nem todos alunos e nem todos os pais se sentem confortáveis. Tiveram que reduzir mensalidades e estão lidando com uma grande evasão, causada pela crise econômica e pela incerteza sobre a retomada das aulas presenciais.

É natural que se sintam compelidas a exigir uma posição do poder público, diante de prejuízos em série. Mas, como instituições de ensino que são, não deveriam atropelar o bom senso.

Se tivéssemos um outro cenário de evolução da pandemia em Santa Catarina, faria sentido discutir a retomada das aulas. Mas, justo no momento em que o Estado sofre com mais intensidade as consequências do novo coronavírus, com pressão sobe o sistema de saúde um crescente número de óbitos, a exigência parece não apenas descabida. Soa como desrespeito.

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Resposta

Após a publicação desta coluna, o presidente do Sinepe/SC, Marcelo Batista de Sousa, enviou e-mail em que se disse estupefato e questionou o conteúdo do artigo. “É preciso ir além da simples opinião e se antenar em fatos, pesquisar… Caso contrário, prevalece a superficialidade”. Ele citou vídeos nas redes sociais, com relatos do pediatra Anthony Wong, do farmacêutico e bioquímico Marcelo Serafim, e do médico gaúcho Carlos Gottschall, como referência para o posicionamento.

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