A primeira fase da safra da tainha _ para pesca artesanal _ começou esta semana, antes que o impedimento às exportações de pescado brasileiro para União Europeia, que dura cinco meses, tenha sido resolvido. O impasse tem consequências graves para Santa Catarina, já que as ovas são o principal produto de exportação do nosso setor pesqueiro para a Europa. Se a suspensão não for revertida nas próximas semanas, a previsão é que o Estado deixe de vender o equivalente a US$ 3,5 milhões.

Continua depois da publicidade

Só a empresa Cais do Atlântico, de Itajaí, que é a maior exportadora de ovas catarinense, tem 80 toneladas encomendadas de empresas da Espanha, Itália e França, aguardando a retomada das exportações.

A suspensão foi decidida pelo Ministério da Agricultura brasileiro como “precaução”, para evitar um embargo unilateral por parte da União Europeia. O motivo foi o descumprimento de uma série de exigências, apontado em uma auditoria dos europeus no fim do ano passado.

Esperava-se, no entanto, que o problema fosse resolvido antes do início da safra da tainha. Houve uma parceria entre o Ministério da Agricultura e a Cidasc, em Santa Catarina, para inspecionar os barcos de pesca e emitir uma autorização provisória de exportação. Mas há discordância entre os órgãos e os donos das embarcações em relação ao revestimento dos porões dos barcos _ e a medida não funcionou.

Sem previsão de retomada das exportações, Santa Catarina corre um sério risco de perder o mercado mais importante de ovas de tainha no mundo. A Europa absorve, além do produto melhor qualificado, também o de menor qualidade, como ovas avermelhadas ou quebradas _ algo que outros mercados não aceitam.

Continua depois da publicidade

Entre os exportadores, há temor de perder espaço para as ovas de tainha australianas, que também estão em plena safra. Santa Catarina exporta ovas para a Europa há 38 anos. Só este ano, a estimativa era exportar 180 toneladas _ o mercado interno consome apenas seis.