Entidade que representa o comércio e tem crescente participação dos serviços na capital de Santa Catarina, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Florianópolis (CDL) será liderada a partir de primeiro de janeiro pelo empresário Eduardo Koerich, 34 anos, de uma das famílias e empresas mais tradicionais do estado, o Koerich. Segundo ele, o maior desafio da entidade é atuar para viabilizar formação de um maior número de pessoas ao setor. Isso porque a maior dor do lojista é a contratação de mão de obra devido à falta de profissionais qualificados.
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Em entrevista exclusiva para a coluna, Eduardo Koerich falou da inspiração da família para o associativismo – do avô Antonio Koerich, que também foi presidente da CDL, e do pai Ronaldo Koerich. Foi por isso que ingressou na CDL jovem e adquiriu experiência para presidir a entidade agora.
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Segundo ele, entre as prioridades da nova gestão estão também a necessidade colaborar para a revitalização do Centro de Florianópolis, fortalecer os núcleos setoriais da CDL e seguir com forte assessoria em dados. Ele alerta também sobre o cenário econômico do país, que requer cautela porque pode enfrentar nova crise.
Atualmente, a CDL de Florianópolis conta com mais de 3 mil associados e, desse total, quase 50% são do setor de serviços, que está vendo cada vez mais vantagens em participar do associativismo. A posse festiva da nova diretoria da CDL da capital foi dia 23 de novembro, na Casa Rosa. A seguir, leia a entrevista de Eduardo Koerich:
Por que você decidiu assumir o desafio de presidir a CDL de Florianópolis?
– Eu comecei muito cedo a atuar na CDL de Florianópolis. Eu entrei no negócio da nossa família com 16 anos. E logo mais, quando eu tinha 18 anos, foi fundada a CDL Jovem. Fui convidado a participar, ser um dos 10 integrantes na época. O plano foi incluir filhos de diretores e conselheiros da entidade para ter sucessores, incentivar novos líderes.
Aceitei o desafio. Me ajudou muito na troca de experiência com outros empresários jovens que também estavam sucedendo o negócio da família. Aí comecei a pegar muito amor pelo associativismo.
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A CDL de Florianópolis é uma entidade que foi presidida pelo meu avô, Antonio Koerich, 50 anos atrás. O meu pai também sempre foi diretor da CDL. Então sempre tive essa relação vendo o pai e o avô presentes, indo para as reuniões e festas da CDL. Isso foi criando em mim um amor pela CDL e pelas entidades de classe.
Depois que integrei a CDL Jovem, eu fui, por muito tempo, diretor de marketing da entidade. Daí fiquei um tempo afastado, voltei na gestão do Marcos Brinhosa quando fui diretor de marketing e, agora, na gestão do Júlio César Geremias (que se encerra este ano), sou o vice-presidente, por isso surgiu a oportunidade de ser o presidente.
Como será o trabalho da nova diretoria junto aos associados da CDL?
– Nossa intenção é ouvir mais o associado. A CDL tem uma força política e institucional muito forte. A gente tem esse envolvimento muito forte com prefeitura e com o governo do estado. E o que a gente quer, agora, é ouvir um pouco mais o associado que a gente acha que ficou um pouco desguarnecido.
Se evoluiu muito na questão da tecnologia nos últimos tempos, com a facilidade do WhatsApp, da comunicação online. Mas a gente deixou de visitar o associado porta a porta para entender suas demandas.
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Sabemos da dificuldade do pequeno e do médio varejista de ter tempo para ler e-mail. Num contato mais próximo, é possível identificar outras demandas para a CDL ser muito mais assertiva com o associado.
Muitos lojistas estão à frente do balcão, fazem toda a operação da loja, venda, financeiro, contabilidade. E a CDL quer estar mais próxima para apoiar e fazer com que esses comércios se desenvolvam e, consequentemente, a cidade possa se desenvolver.
Qual é a principal demanda que vocês identificam no setor, atualmente?
– Recentemente, a gente fez uma pesquisa com os associados e apuramos que a maior dor do lojista é a questão da contratação e qualificação de mão de obra. A gente vive um momento em que esse é um problema geral. A dificuldade para contratar está muito grande. Nós, da Koerich, estamos, cada vez mais, qualificando internamente as pessoas.
Para você conseguir hoje um gerente pronto para uma loja, tem que qualificar internamente. É grande a falta de profissionais no comércio.
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Então, a CDL quer estar apoiando o associado nesse sentido, ajudando na qualificação da mão de obra, ajudando com ferramentas para contratação, identificando qual que é o melhor perfil de profissional que possa estar com o lojista nessa jornada.
Como é o perfil do trabalhador no comércio?
– Eu vejo que tem pessoas que gostam da profissão, de exercer a carreira de vendedor. Nem sempre um vendedor prefere uma função de liderança. O vendedor precisa que a gente dê condições para que ele consiga cada vez mais aumentar sua carteira, consiga melhor rendimento e com isso fique mais tempo na empresa, nessa função.
A revitalização do Centro de Florianópolis é outra pauta importante da CDL. Como viabilizar isso?
– Estamos trabalhando muito na requalificação do Centro. O Rafael Salim (novo vice-presidente da CDL) também vem acompanhando o trabalho para melhorar o Centro-Leste da cidade, onde está o Centro Histórico.
Reconhecemos que o centro da cidade perdeu muita força. Antigamente, o consumo era naquela região. Quem morava em São José, Palhoça, Itaguaçu, nas regiões Norte da Ilha, vinha consumir no Centro, principalmente nos finais de semana.
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Mas a pandemia acabou acelerando esse processo das pessoas consumirem mais próximo das suas residências. Então, hoje, já temos bairros muito fortes em consumo como Ingleses. No sul da Ilha de SC é a mesma coisa. As pessoas não saem mais de lá para consumir em outras regiões.
Na nossa avaliação, o Centro de Florianópolis precisa buscar uma nova identidade para atrair não só aquela pessoa que vem para consumir, mas quem vem também para entretenimento.
Temos muitos patrimônios históricos e museus na região. Queremos levar mais cultura para as pessoas, apresentar a cultura local. A gente quer reforçar toda essa estrutura para que exista mais movimentação no Centro de Florianópolis.
Temos informação, também, de que o Centro está com mais imóveis desocupados. O valor do metro quadrado vem baixando na região.
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Então, a gente quer envolver os proprietários dos imóveis também para que eles nos ajudem a buscar algumas alternativas para que a gente crie algo diferente e a região do Centro possa retomar a força que tinha.
Como o setor público pode colaborar mais para a melhoria do Centro?
– Já estamos fazendo um trabalho em parceria. A região Centro-Leste foi toda revitalizada. Em torno da Praça XV também. E temos projetos importantes como o Retrofit, que tem como objetivo transformar prédios comerciais em residenciais para que mais pessoas possam morar no Centro.
Hoje, a maioria que trabalha nessa região mora distante, muitos em outros municípios. Fizemos uma pesquisa com os nossos colaboradores (das Lojas Koerich) e 90% residem em outras regiões ou até municípios como São José e Palhoça.
Na pandemia, as pessoas ficaram em casa e passaram a comprar mais por e-commerce. Como estão as vendas hoje nas lojas físicas e virtuais?
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– Depois da pandemia o e-commerce caiu e as vendas de lojas físicas cresceram. As pessoas gostam de estar num ponto de venda, conversar com o vendedor, por isso, as lojas investem para ser cada vez mais atrativas e para ter vendedores com conhecimento. Hoje, em segmentos como o nosso, 70% são vendas nas lojas e 30%, on-line.
A CDL de Florianópolis sempre foi muito atenta à tecnologia. Faz o evento Inova+Ação. O que a nova gestão de vocês está prevendo para essa área?
– A gente está agora com o Núcleo de Inovação e Tecnologia (NIT). Ele foi criado dentro da CDL em abril deste ano e já está com mais de 70 integrantes. Foi lançado para pensar tecnologia, como usar informações, como usar inteligência artificial.
A CDL tem dez núcleos setoriais. Vamos fazer com que eles se conectem mais para gerar negócios. O nosso núcleo de Estratégia, que é muito forte, tem entre os sócios consultores bem gabaritados, que podem estar dando suporte para os associados.
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Como o poder público pode colaborar para o maior desenvolvimento do comércio?
– Tanto a prefeitura de Florianópolis quanto o Estado estão cada vez mais entendendo as demandas do varejo. A relação com a prefeitura é constante. Temos boa relação com o governo do Estado também. Inclusive na reunião de segunda-feira (25) do movimento Floripa Sustentável se discutia alternativas sobre o que fazer onde está hoje a penitenciária. É uma área que vai agregar muito para a cidade.
A CDL presta uma série de serviços aos associados. Quais você destaca?
– A gente vem fortalecendo cada vez mais o que a gente já tem, que é o Serviço de Proteção ao Crédito, o SPC Brasil. Quando a CDL de Florianópolis começou, começou em 1960, era uma dificuldade para os lojistas a questão de fornecimento de crédito, não se tinha informação.
Hoje, se evoluiu muito, com a questão do score do consumidor. É uma grande evolução para liberação de crédito. O SPC tem vários serviços, tanto na liberação de crédito, quanto de cobrança, como fornecimento de dados para decidiu se é bom ou não investir em determinada região. Entre os serviços importantes da CDL estão também plano de saúde e capacitação de pessoas.
Como analisa o cenário econômico e que mensagem gostaria de passar aos lojistas sobre esse tema?
– Este ano está bem aquecido para o mercado como um todo. Normalmente, quando a gente tem um governo mais populista, que incentiva o consumo, isso acontece. Mas a gente tem receio que daqui a pouco haja um descontrole, aumente a inflação e a taxa Selic tenha uma alta maior, limitando o crescimento.
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Então, acredito que o empresário precisa ter cautela e atenção para os próximos anos. O empresário sempre tem que fazer uma reserva para uma fase mais difícil, de crise. A economia brasileira tem mostrado, nos últimos anos, que isso é necessário.
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