Sem explicações, o governo da Arábia Saudita suspendeu as compras de carne de frango de 11 frigoríficos brasileiros nesta quinta-feira. Os ministérios da Agricultura e Relações Exteriores emitiram nota conjunta informando que o governo brasileiro recebeu com surpresa e consternação a decisão, que não houve contato prévio das autoridades sauditas, nem apresentação de motivos ou justificativas que embasassem as decisões.
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O Ministério da Agricultura não informou quais frigoríficos tiveram as exportações suspensas, mas a decisão afeta Santa Catarina. Das 11 unidades, sete são da Seara, empresa do Grupo JBS, Informou o Valor. Segundo o Sindicato das Indústrias de Carnes de SC (Sindicarnes), uma é de Ipumirim, SC. A Seara tem o maior número de unidades no Estado. Dois frigoríficos do Rio Grande do Sul também foram afetados.
Coronavírus provoca instabilidade à exportação de carnes
O diretor executivo da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), Jorge Luiz de Lima, informou que o governo brasileiro está procurando resolver esse impasse com toda a cautela, mas rapidamente porque a Arábia Saudita é um dos maiores mercados do Brasil, que é líder mundial na epxortação de frango.
O país do Oriente Médio é o terceiro maior destino de carne de aves de Santa Catarina, atrás apenas do Japão e da China. Foi um mercado conquistado por agroindústrias do Estado como a Sadia e a Perdigão no início dos anos de 1970, quando começaram a vender para outros países.
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No período de janeiro a abril deste ano, a Arábia Saudita comprou quase 10% do frango epxotado pelo Estado, com crescimento de 6,2% frente ao mesmo período do ano passado. Os sauditas estão entre os que investem no aumento da produção de aves para atender o mercado próprio e exportar. Nos últimos anos, os sauditas também mudaram a forma do abate halal, exigência dos muçulmanos, o que também reduziu as vendas.
Outros países da região e a China também estão procurando reduzir a dependência de importação de proteína. Essa produção que iria para a Arábia Saudita será destinada a outros mercados, o que acaba pressionando preços para baixo, num mercado que já está com valores considerados baixos pelas agroindústrias.