Em trabalho intensivo para vencer os desafios de um dos epicentros da pandemia no Brasil, autoridades de São Paulo têm insistido para as pessoas ficarem em casa. Alegam que para reabrir a economia seria necessário um isolamento social de 60% e não os 46% registrados nas últimas semanas. Será que cidades de Santa Catarina que retomaram a maioria das atividades, em algumas semanas terão problemas parecidos com os de São Paulo como a saturação do sistema de saúde?
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Em palestra na Federação das Associações Empresariais do Estado (Facisc) quinta-feira (30/04), o comandante Geral da Polícia Militar do Estado, Coronel Araújo Gomes, informou que, pelo monitoramento eletrônico o isolamento social do Estado ficou em 46,05% no dia anterior, quarta-feira (29/04). Isso significou queda de 12,64% frente ao início da semana. Cada ponto percentual representa 70 mil pessoas. Então, houve um acréscimo de 885 mil pessoas fora de casa por mais de três horas durante um dia. Esse percentual de 46% tem se repetido outros dias. Como o uso de máscaras ainda não é total no Estado, os riscos de contágio seguem altos.
Alertas das estatísticas
Em 15 de abril, Santa Catarina tinha 884 casos confirmados de coronavírus e 97 internados em UTIs, o que dava uma média de quase 11% de internações. Os dados desta sexta-feira, 01 de maio, são de 2.104 infectados e 66 pacientes em UTIs, uma média de 4,8%. O Estado teve crescimento de 138% no número de casos em cerca de 15 dias. Muitas pessoas foram contaminadas recentemente. Se considerarmos a recente pesquisa da Universidade Federal de Pelotas, que apontou uma subnotificação de até 12% no Rio Grande do Sul, com evolução semelhante Santa Catarina já teria cerca de 25 mil pessoas que tiveram contato com o vírus.
O Estado tem 421 leitos reservados para Covid-19 e a ocupação está em 15,9%. Considerando o avanço da doença em outros estados e países, o que garante que essa disseminação maior de casos recentes em SC não vai saturar o sistema de saúde local? Faltam explicações científicas mais claras por parte do governo sobre esse risco de evolução.
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E também falta ainda uma conscientização maior de parte da população sobre os cuidados. É claro que temos muitas pessoas que necessitam trabalhar e os que precisam buscar a ajuda do governo na Caixa. Mas o que a gente viu em imagens são pessoas de classe média, da terceira idade, circulando. Esse grupo poderia solicitar apoio de jovens para fazer as compras.
Riscos à terceira idade
É preciso reforçar o cuidado das pessoas da terceira idade. No Brasil, os óbitos de pessoas com 60 anos ou mais superam 70%. É um percentual semelhantes ao da Alemanha, país que tem um dos melhores sistemas de saúde do mundo e está fazendo um elevado número de testes. A jornalista catarinense Larissa Linder, que foi nossa colega na NSC e está fazendo estágio na Alemanha, informou (com base em dados da última terça-feira) que no país 67% de todos os infectados por Covid-19 são do grupo entre 15 e 59 anos, e 19% são de pessoas com 70 anos ou mais. Contudo, 87% das mortes foram de pessoas com 70 anos ou mais.
Este é um alerta para que a maior circulação de pessoas agora em Santa Catarina não resulte em menores cuidados com a terceira idade. Devem seguir rígidos e essas pessoas precisam evitar, ao máximo, sair de casa.
