Uma das regiões mais impactadas do Brasil com o tarifaço de 50% de Donald Trump é a integrada por três municípios no Planalto Norte de Santa Catarina: São Bento do Sul, Rio Negrinho e Campo Alegre. Do total exportado pelo setor, 62% vão para os Estados Unidos. Nesta quinta-feira, o Sindicato das Indústrias Moveleiras de São Bento do Sul (Sindusmobil) divulgou um manifesto sobre a taxação.
Continua depois da publicidade
– A nova tarifa tira completamente a competitividade dos móveis fabricados no Brasil, abalando um comércio bilateral conquistado pelas nossas empresas com eficiência, competitividade, inovação e sustentabilidade. O redirecionamento da produção a novos mercados é uma estratégica complexa, que exige tempo e investimentos – argentou a entidade em nota assinada pelo presidente Luiz Carlos Pimentel.
A entidade destaca ainda que diante dessa dificuldade é imprescindível a união entre indústria, instituições representativas, governo e sociedade civil para amenizar os impactos causados pela redução e até perda dos maiores clientes mundiais das empresas.
– Nosso apelo permanece direcionado à manutenção e fortalecimento das negociações entre os governos do Brasil e Estados Unidos, buscando uma mediação séria e comprometida com o desenvolvimento econômico e social. Ao mesmo tempo, medidas de apoio à indústria exportadora se tornam imprescindíveis e urgentes para a preservação da produção, dos empregos e da economia – enfatiza o Sindusmobil.
A região é uma das que começaram a sentir logo no dia 09 de julho o impacto do futuro tarifaço, com a suspensão de pedidos por parte de importadores americanos. Isso apesar de o setor de madeira e móveis estar ainda na lista de produtos isentos porque estão na investigação da seção 232, não finalizada pelos analistas do governo dos EUA, trabalho que pode ir até o final do ano. O setor ainda não é tributado, mas sofre toda essa confusão.
Continua depois da publicidade
Considerando que o polo é grande exportador aos EUA e emprega diretamente 7 mil trabalhadores, fica a questão: o que acontecerá com quase a metade desses profissionais caso o tarifaço realmente aconteça?
Analisando o perfil econômico desses três municípios, se esses trabalhadores perderem o emprego pode-se concluir que a maioria poderá conseguir vaga numa outra indústria. Isso porque além do polo moveleiro, a região conta com grandes indústrias nacionais e multinacionais de outros setores.
Nesse grupo estão a Condor, Oxford, Tupper (que acaba de ser adquirida pela ArcellorMital), Buddemeyer, Fiação São Bento e a Moderson (multinacional de autopeças). São Bento do Sul é uma cidade com 90 mil habitantes e um sólido e competitivo parque industrial. Isso pode amenizar o impacto tarifário porque as outras empresas não dependem tanto do mercado norte-americano.
Leia também
Tarifaço inclui quase todos setores exportadores de SC aos EUA; madeira fica de fora
Fiesc defende diplomacia para tratar a taxação de 50% dos EUA
Indústrias de móveis e de madeiras de SC suspendem produção devido à tarifa de 50% dos EUA