Quando o avanço do novo coronavírus mostrou que os respiradores são aparelhos estratégicos para salvar vidas, um grupo de startups brasileiras da incubadora Eretz.bio do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, começou a pensar numa solução urgente e acessível. Ganhou força a proposta da startup catarinense Anestech Innovation Rising, fundada pelo médico anestesiologista Diogenes de Oliveira Silva, de fazer um respirador mecânico portátil, em impressora 3D, para ser reproduzido em larga escala, não só no Brasil, mas também no mundo.

A Anestech e a startup Hefesto, de São Paulo, ambas incubadas na Eretz.bio, estão à frente do projeto Breath4life que envolve equipe de 45 especialistas do país. O grupo iniciou um mutirão de trabalho ininterrupto de uma semana, à distância, para criar e concluir o protótipo até a meia-noite desta sexta (27), meta atingida. Como os testes pré-clínicos são complexos, vão seguir até domingo à noite em laboratórios da Unicamp, Poli (USP) e Mackenzie, informa Diogenes Silva.

— A partir dos resultados dos testes, vamos escolher qual é o desenho do modelo mais eficiente. Vamos incluir o seu manual de montagem, o seu manual descritivo técnico e o seu manual de uso. Esse modelo será divulgado na internet. Nós temos uma data limite para finalizar hoje (sexta,27) até a meia noite, mas como os testes são robustos, trabalhamos com o prazo de até a meia-noite de domingo — explica o médico empreendedor.

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Segundo ele, este é um projeto open source (de livre fabricação), que ficará disponível na internet para quem precisar usar. Bastará imprimir as peças, colocar os acessórios e usar tanto em ambulâncias quanto em enfermarias de hospitais ou até UTIs, se necessário, mas não como ventilador principal para doentes graves.

O respirador, que cabe na palma da mão, será feito no Brasil em impressoras de grandes indústrias automotivas, siderúrgicas e outras. A expectativa da equipe é que o custo de produção por unidade ficará em torno de R$ 1.500.

Nova versão do produto

Pioneiro
Ventilador de 1951 que inspirou o projeto atual (Foto: Crédito: Reprodução)


O respirador mecânico portátil proposto pelo anestesiologista Diogenes Silva consiste numa nova versão de produto criado em 1951 pelo renomado médico e professor de anestesiologia da USP, Kantaro Takaoka. Ele criou esse primeiro ventilador mecânico nacional que era fabricado pela empresa de produtos hospitalares de sua propriedade.

Um detalhe importante é que ventilador mecânico não precisa de fonte de energia para funcionar. Basta ser acionado junto à unidade de oxigênio de uma ambulância UTI ou de um hospital.


SC no projeto Breath4Life

Além do pioneirismo da Anestech, outras empresas de tecnologia de Santa Catarina, que integram a vertical de saúde da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate) também estão dando uma importante colaboração ao projeto Breath4Life. Conforme Diogenes Silva, as principais colaborações são para uso de impressora 3D.

Respirador
Anestesiologista catarinense Diognes de Oliveira que sugeriu o respirador (Foto: Foto:Divulgação)


A Anestech Innovation Rising foi fundada em Florianópolis, integra a vertical de Saúde da Acate e, antes de ir para a incubadora do Einstein, em São Paulo, foi incubada do Miditec, a incubadora da Acate apoiada pelo Sebrae/SC. Ela oferece sistemas tecnológicos de controles usados por anestesiologistas de 25 países, em três idiomas.

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Com qualidade e precisão, presta serviços para grandes centros cirúrgicos de hospitais e também em regiões de guerra. Além de CEO da Anestech, Diogenes Silva integra a equipe de anestesiologia da clínica Cemad, de Florianópolis.

Grupo não busca doações

O projeto do respirador não busca doações financeiras. É uma iniciativa voluntária articulada, com execução descentralizada. Diogenes Silva alerta que após a divulgação da iniciativa no programa Fantástico, da Globo, alguns aproveitadores chegaram lançar arrecadação de recursos.

— Não estamos buscando doações financeiras pessoais e os recursos para o financiamento do projeto já existem. Algumas pessoas mal intencionadas começaram a arrecadar dinheiro alegando que era para o projeto. Isso não é verdade — alertou ele.

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