O empresário catarinense André Belz é um dos que seguiram a vocação e não a graduação. Ele cursou odontologia, mas como aprendeu bem inglês no intercâmbio nos Estados Unidos, resolveu buscar renda extra enquanto estudava vendendo cursos de inglês e dando aulas. Teve tanto êxito nessa experiência que decidiu abrir um curso de inglês com os sócios Romeu Morais e Renata Morais (pai e filha). O negócio deu certo e hoje eles são os donos da Rockfeller, rede de franquias de escolas de inglês com mais de 100 unidades no Brasil, 20 mil alunos e que vai fechar este ano com faturamento de R$ 80 milhões.  

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André Belz é o CEO da empresa, a sociedade segue de vento em popa e a Rockfeller projeta abrir mais 50 unidades no país até 2027. Um dos diferenciais é a tecnologia. A empresa incluiu inteligência artificial exclusiva para melhorar o ensino e a atividade dos professores.

Veja mais fotos sobre a rede Rockfeller de ensino de inglês:

Outro diferencial é a metodologia própria, focada no aprendizado rápido de conversação. Em média, um adulto aprende inglês em dois anos e meio na Rockfeller. Para expandir a rede, a empresa lançou um modelo de franquia mais compacta, normalmente procurada por professores que querem ter seu próprio negócio. Saiba mais na entrevista de André Belz, a seguir:  

Como o senhor se tornou um empresário do setor de educação e de ensino de inglês?
– Eu fiz intercâmbio nos Estados Unidos aos 16 anos. Cursei o último ano do ensino médio lá. Aprimorei muito o inglês. Já estudava desde criança, minha mãe tinha me colocado em curso, mas era muito focado em gramática. Lá, aprendi bem o idioma e voltei fluente. Meu sonho era ser dentista, então fiz faculdade de Odontologia.

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Durante a graduação, dava aulas de inglês em Curitiba para ganhar um dinheiro extra. Foi aí que me apaixonei pela educação. Achei incrível dar aulas, ver o processo de aprendizagem. Conheci o modelo de franquia e fui me encantando. Segui com a Odontologia, cheguei a me formar.

No fim do curso, conheci meus atuais sócios. Então, tive que escolher: seguir na Odontologia ou mergulhar no mundo da educação, que me apaixonava. Optei por deixar o sonho antigo de ser dentista para seguir esse novo sonho.

Desenvolvemos um modelo de ensino, planejamos a abertura da escola de inglês, que hoje é a Rockefeller. Então, mesmo formado em Odontologia, segui o caminho do empreendedorismo, da educação e do franchising porque tive essa experiência transformadora. Foi assim que comecei.

E como foi a escolha da marca Rockfeller, quase a mesma de um grande centro empresarial de Nova York?
– A gente começou do zero. Na verdade, tínhamos que escolher um nome para a nova empresa. Fizemos um trabalho com uma agência, levantamos algumas opções. O que a gente queria era que o nome transmitisse solidez, credibilidade, prosperidade, que passasse a ideia de um negócio sério, honesto, competente. Então, fizemos esse brainstorm com a agência, analisamos as alternativas e optamos por Rockfeller, porque entendíamos que era um nome forte e com essas características. O complexo de empresas dos EUA é Rockefeller, com um “e” a mais.

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Como foi o início das atividades da nova escola?

– Começamos em São José, na Grande Florianópolis. Abrimos a primeira escola em julho de 2004. Completamos 21 anos recentemente. A primeira unidade foi na Rua Koesa, no bairro Kobrasol, e a escola está lá até hoje, firme e forte. Logo percebemos que o modelo de ensino que havíamos desenvolvido funcionava muito bem.

Eu já tinha experiência em sala de aula, como professor e coordenador pedagógico, e isso nos deu base para criar um produto consistente. Um ano e meio depois, a primeira unidade já era um sucesso, o que nos levou a abrir a segunda, em Balneário Camboriú.

Ficamos alguns anos apenas com essas duas escolas e, quatro anos após a fundação, lançamos oficialmente o nosso modelo de franquias. A expansão foi gradual e orgânica. Ao longo dos anos, abrimos novas unidades e, quando chegamos ao período da pandemia, já tínhamos cerca de 50 escolas.

Em 15 anos de operação, nunca havíamos fechado nenhuma unidade. Quando veio a pandemia, como já trabalhávamos com recursos tecnológicos, conseguimos migrar rapidamente para o ensino remoto, nas casas e nos locais de trabalho dos alunos. Isso nos deu grande facilidade, e o nosso produto respondeu muito bem ao desafio.

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Vocês sobreviveram bem à pandemia?
– Sobrevivemos e crescemos. Em 2020, já registramos expansão e, nos dois a três anos seguintes, dobramos o tamanho da rede. Em 15 anos, chegamos a 50 escolas; em apenas três anos, após a pandemia, alcançamos mais de 100 escolas. Hoje contamos com 102 unidades.

A pandemia acabou sendo uma grande oportunidade, porque o mercado percebeu a nossa capacidade de adaptação e nos procurou justamente pela solidez que demonstramos, muito em função dos avanços tecnológicos que já vínhamos implementando.

Um dos destaques da Rockfeller é na área de inteligência artificial. O que a empresa está utilizando atualmente com êxito?
– São algumas frentes. A inteligência artificial realmente apareceu com força. Tive a oportunidade, neste ano, de estar na IFA (International Franchise Association), que é o maior evento de franquias do mundo, e esse foi um dos temas mais comentados por lá. Inteligência artificial e tecnologia foram pautas centrais.

Tive essa oportunidade de trazer muitas novidades para o Brasil. Nós temos atuado em diferentes frentes, tanto na área educacional e pedagógica, com o uso da inteligência artificial dentro da metodologia de ensino para potencializar o aprendizado, quanto em outros campos.

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No caso dos alunos, por exemplo, desenvolvemos atividades em aplicativos, tarefas extras que podem ser feitas fora da sala de aula, simulando a nossa metodologia presencial, que privilegia o contato humano. Ao trazer esse tipo de recurso, conseguimos potencializar o aprendizado.

Mas isso elimina o professor de inglês tradicional, a conversação?
– Particularmente, nós não acreditamos na substituição completa do humano pela inteligência artificial. Acreditamos muito que, na aquisição de linguagem, existe um fator psicolinguístico envolvido, em que a presença humana é fundamental. A conversa e a interação humana são insubstituíveis. Mas acreditamos, sim, no uso de ferramentas de inteligência artificial que ampliem a experiência do aluno fora da sala de aula, tornando a prática mais próxima da realidade. Isso tem ajudado bastante.

E no que a escola inova no ensino e na franquia com IA?
– A Rockfeller foi pioneira no Brasil em trazer a inteligência artificial de forma exclusiva para dentro da metodologia de ensino. Foi um avanço muito grande. Desde o ano passado, na nossa convenção, já apresentamos essa inovação à rede para implementação neste ano. Também temos incorporado ferramentas de gestão baseadas em inteligência artificial, tanto na franqueadora quanto nas unidades franqueadas.

Hoje conseguimos desenvolver soluções que antes demandavam contratação de terceiros, de softwares SaaS (Software como Serviço), por exemplo. Conseguimos isso porque criamos dentro da rede um Comitê de Inteligência Artificial, com especialistas internos e externos.

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Esse comitê atua diariamente no desenvolvimento de ferramentas de gestão que auxiliam o franqueado em diversas áreas: administrativa, financeira, pedagógica, ERP, softwares de diferentes naturezas e finalidades. O objetivo é proporcionar ao franqueado uma gestão mais ágil, eficiente e baseada em dados. São muitas informações, números e indicadores. Essa base de dados é fundamental para o crescimento sustentável da rede.

Como está a expansão da empresa?
– Estamos expandindo, tanto em grandes centros quanto em cidades de porte médio. Neste mês de outubro, por exemplo, vamos inaugurar uma unidade em Maringá, no Paraná, que é uma cidade grande. Também seguimos crescendo em Curitiba.

Mas temos olhado para o interior. Cidades brasileiras com 60 a 70 mil habitantes têm potencial de consumo e público-alvo para os nossos cursos, embora não comportem unidades grandes, como as dos grandes centros. Para esses casos, criamos o modelo de franquia Rockfeller Smart: unidades de 70 a 80 metros quadrados, com cerca de três salas de aula.

Esse formato reduz significativamente os custos de implantação e de operação, como aluguel, e exige um número menor de alunos para que o negócio seja lucrativo. Estamos implantando uma franquia no Rio Grande do Sul, que deve abrir nos próximos meses. Será uma loja dentro de um shopping de cidade do interior, com 70 metros quadrados.

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E esse crescimento acontece conforme a demanda? Quem deseja unidade de franquia pode procurar a empresa?

Hoje crescemos em todo o Brasil. Temos unidades desde o Rio Grande do Sul até Roraima, em 17 estados, cobrindo todas as regiões. Nosso trabalho é tanto de prospecção ativa, buscando pessoas interessadas em empreender na educação, quanto de receber procura espontânea. Aliás, a maior parte vem de pessoas que nos procuram, identificadas com a área de educação e que enxergam na franquia uma boa forma de empreender pela primeira vez.

E quanto custa abrir uma franquia da Rockefeller, aproximadamente?
Hoje varia a partir de R$ 115 mil no modelo smart, já considerando o capital de giro inicial. E pode chegar a R$ 400 mil, R$ 450 mil em franquias maiores. Tem opções para todos os bolsos. Os R$ 115 mil equivalem ao preço de um carro médio. Esse formato é uma ótima opção para professores de inglês.

Muitos sonham em ter escola própria, mas não têm capital para isso. Quando existe uma alternativa mais acessível, o sonho fica viável: R$ 115 mil é muito diferente de R$ 450 mil. Quem não tem como levantar um valor maior, encontra nesse modelo a chance de empreender.

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Se o investimento fosse de R$ 300 mil, R$ 400 mil, a pessoa nem pensaria, desistiria. Já R$ 115 mil é um valor que, vendendo um carro ou juntando recursos, pode ser possível. Isso torna real a ideia de transformar o sonho em negócio. Muitos dos nossos franqueados já eram professores: alguns eram da rede, outros davam aulas particulares. O professor particular, por exemplo, consegue atender até uns 30 alunos. Mas chega a um limite. No modelo smart, ele vê a oportunidade de crescer de forma estruturada.

E quais são os perfis de alunos que vocês têm? São de todas as idades?
– Atendemos desde crianças a partir dos 6 anos até a melhor idade. Hoje, o público infantojuvenil representa metade dos nossos alunos, e a outra metade é de jovens e adultos. Ou seja, estamos equilibrados: metade infantojuvenil e metade jovem-adulto. Do ponto de vista etário, não há limite superior.

Quantos alunos vocês têm no total e qual é o faturamento da empresa?
Hoje a rede tem quase 20 mil alunos. A previsão de faturamento deste ano é na casa de R$ 78 milhões a R$ 80 milhões.

Esse mercado é muito concorrido. Vocês oferecem preço médio, acessível?

– É um mercado bem concorrido. Existem muitas redes de escolas de idiomas, franquias e redes independentes no Brasil. O ticket médio hoje da rede é em torno de R$ 350. É um valor acessível dentro do que a gente oferece. Esse é, em geral, o padrão das boas escolas de idiomas. Claro, varia de lugar para lugar: em alguns passa de R$ 400, em outros é um pouco menos. Mas, em média, de norte a sul, fica na casa dos R$ 350.

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E qual é o modelo de ensino da Rockfeller?
– Hoje, a assinatura da nossa rede é o inglês rápido e moderno, com excelência em conversação. Isso nos define. Temos uma estrutura de escola física priorizando a qualidade do ensino, a entrega final e o real aprendizado do aluno.

Para garantir excelência em conversação, os alunos precisam praticar na sala de aula. Não se aprende só ouvindo ou lendo. É preciso falar. Para isso, trabalhamos com turmas reduzidas e um ambiente que favoreça a prática natural da conversação. Nossas salas não têm carteiras regulares. Os alunos se sentam em volta de mesas, de frente uns para os outros.

Não é só um círculo de cadeiras. Tem uma mesa com cadeiras?
– Isso. São mesas, e o modelo principal é em formato de U. O professor circula no meio para auxiliar. Trabalhamos com no máximo oito alunos por turma. Não são turmas de 15 ou 20 alunos, como se vê por aí. Com no máximo oito alunos, consigo formar turmas mais niveladas, o que é fundamental no aprendizado do inglês.

Se um aluno sabe muito mais, coloca os outros em situação desconfortável. Se sabe muito menos, ele mesmo se desmotiva e pode desistir. Então, trabalhamos para nivelar turmas, ajudando cada aluno a realizar sonhos e abrir portas para a vida com o inglês. Turmas reduzidas, alunos de frente uns para os outros e uma metodologia que prioriza a conversação.

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Chamamos de metodologia face-to-face: frente a frente. Isso permite praticar situações reais do cotidiano dentro da sala de aula. Tudo isso é potencializado pela tecnologia. Já há muitos anos temos TVs interativas em todas as salas. O professor desenvolve atividades que promovem grande interação, com o que chamamos de diálogos inteligentes.

São práticas em que os alunos são protagonistas da aula. Não é uma aula expositiva. Trabalhamos com sala de aula invertida: os alunos fazem atividades prévias, chegam mais preparados e praticam melhor.

Isso traz um ganho enorme no aprendizado. Esse modelo de sala invertida só começou recentemente a ser discutido em escolas regulares no Brasil, mas nós já usamos há mais de 20 anos. Tudo isso faz com que nosso modelo seja bastante eficiente. Por isso falamos em inglês mais rápido: conseguimos formar um aluno adulto do básico ao avançado em dois anos e meio.

E ele já sai falando bem o idioma?
– Sai falando, porque eu tenho todos esses cuidados que acabei de mencionar, que a maioria das escolas não têm. Às vezes, quando se pensa apenas no resultado de lucratividade, é claro que seria melhor ter 15 alunos em uma turma do que oito. Mas, nesse caso, eu não conseguiria entregar o meu produto final. Nós somos muito zelosos com isso. Por isso, temos um inglês mais rápido, moderno, com muita tecnologia envolvida, como já conversamos, e com ênfase em conversação. Chamamos isso de excelência em conversação.

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Esse é um resumo de como trabalhamos o nosso modelo de ensino. E, claro, com professores qualificados, treinados pela rede e acompanhados constantemente. Como falei antes, temos avaliações das aulas para verificar se a metodologia está sendo aplicada corretamente. Então, há todo um cuidado com o treinamento e o acompanhamento dos professores da rede.

Queria que você me citasse um exemplo. Você disse que a pessoa estuda um tema em casa para depois discutir em inglês na sala de aula.
– Vou trazer um exemplo de um contexto anterior ao da nossa sala de aula. Eu estudei nos Estados Unidos, fiz o ensino médio lá. O professor dizia: “Na próxima aula, vamos estudar o assunto tal, que está na página tal do livro”. Então, em casa, eu já lia o conteúdo, me inteirava, às vezes até fazia algumas atividades.

O simples fato de ter lido antes me ajudava a chegar preparado, sabendo minhas dúvidas principais e fazendo as perguntas certas ao professor. Esse é um modelo muito comum fora do Brasil. O aproveitamento na sala é muito maior, porque o aluno já está dentro do assunto. No inglês, fazemos parecido: por exemplo, vamos ensinar formação de frases novas, uma nova gramática.

O aluno é instruído a olhar previamente o conteúdo, ler uma parte teórica curta e fazer algumas atividades simples, que não exigem o professor. Quando chega à sala de aula, já tem uma compreensão maior do tema. O professor reforça rapidamente e já parte para a prática. Porque o problema da maioria das escolas de inglês é a falta de prática em sala. O professor gasta 20 minutos explicando a matéria e tirando dúvidas. Quando a aula esquenta, o aluno fala 2 ou 3 minutos apenas. Se eu não priorizar a prática em sala, o aluno vai levar seis anos para aprender, em vez de dois anos e meio.

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Dois anos e meio é um tempo muito bom…
– É. Mas não vale para todas as idades. Para jovens e adultos, sim. As crianças, por serem um público diferente, ficam um pouco mais. Mas, a partir dos 15 anos, a jornada conosco é de dois anos e meio.