Principal parceiro comercial de Santa Catarina e também do Brasil na América Latina, a Argentina terá novo presidente, o peronista Alberto Fernández, que vai suceder Maurício Macri a partir do dia 10 de dezembro. O país enfrenta nova crise econômica, com inflação alta e uma série de outros problemas.
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A expectativa é de que o novo governo vai tentar minimizar o impacto da crise na vida da população gastando mais recursos públicos. Essa estratégia deverá causar mais inflação.
As dificuldades econômicas vêm desde os governos dos Kirchner, Macri prometeu resolver e não conseguiu, e não há um prazo para encerrar a crise.
O ano que vem será especialmente difícil porque o governo precisa pagar cerca de US$ 40 bilhões em dívidas internacionais e não tem recursos.
Em função disso, no dia seguinte da eleição, segunda-feira, depois da eleição, o governo argentino limitou em US$ 200 dólares a quantidade de moeda americana que cada cidadão pode comprar por mês. O objetivo é elevar as reservas.
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Santa Catarina é um dos Estados brasileiros mais afetados porque é vizinho, enfrentará mais queda de visitantes argentinos no verão e mais redução de exportações.
No verão passado, a redução no número de argentinos afetou o resultado do setor turístico do litoral catarinense, especialmente na Grande Florianópolis e regiões de Balneário Camboriú e Itapema. Na virada do ano, por exemplo, houve uma queda de 70% na entrada de argentinos na aduana de Dionísio Cerqueira. A redução total no número de argentinos no Estado na temporada foi bem menor, mas prejudicou os resultados. Em Florianópolis, segundo pesquisa da Fecomércio-SC, do total de turistas da última temporada, 20,6% vieram da Argentina enquanto na temporada anterior, vieram 23,5% do total. No próximo verão, com mais dificuldades econômicas, a participação deles no litoral de SC pode ser ainda menor.
Quanto a exportações, praticamente todas as vendas para o país vizinho foram afetadas. As carnes de frango e suíno tiveram um baque grande. No caso do frango, houve uma retração de 92,6% em receita de janeiro a agosto deste ano e no caso de carne suína, cujo volume vendido é maior, teve queda de 17% em receita.
As vendas totais do Estado ao país vizinho de janeiro a agosto deste ano tiveram queda de 21,97%, segundo levantamento do observatório da Fiesc.
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A Argentina era o terceiro mais importante parceiro comercial do Estado, só atrás dos Estados Unidos e China. Agora, foi superada pelo Japão.
A economia brasileira também sofre com a crise vizinha. O principal impacto é na retração de exportações de automóveis, o que também prejudica Santa Catarina que é grande fabricante de autopeças. O Brasil pós reforma da Previdência espera um crescimento melhor, mas não poderá contar com a força econômica do seu maior e mais importante vizinho.
