Apesar dos impactos das guerras da Ucrânia e do Oriente Médio, efeitos retardatários da pandemia, novas disputas geopolíticas e da catástrofe climática no Rio Grande do Sul, empresas brasileiras têm oportunidades nos mercados interno e externo. Foi isso que destacaram os três palestrantes do seminário “Permacrise: Navegando nos Novos Riscos da Economia, da Política e Geopolítica” realizado pela Federação das Indústrias de SC (Fiesc) nesta quarta-feira.

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– Santa Catarina é um estado exportador de produtos manufaturados e as dificuldades que o mundo vem enfrentando afeta os nossos negócios. Ao empresário, estar atualizado sobre esses temas é fundamental para a perenidade dos negócios – afirmou o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar.

A palavra “permacrise” que ganhou evidência por explicar a sensação de estar permanentemente em crise, passando de uma crise para outra, ditou a linha dos debates do evento. Mas diante de tantas dificuldades, o presidente da Fiesc sugeriu a palavra “polipermacrise”.

Um dos palestrantes, o economista e diplomata Marcos Troyjo, destacou que a nova geopolítica impõe maior concorrência industrial ao Brasil, que tem vantagens competitivas principalmente nos setores de alimentos e energia limpa. Ele listou sete temas que impactam a economia brasileira: guerra na Ucrânia; Oriente Médio; guerra fria entre EUA e China; países pendulares – Índica, Arábia Saudita, México e Brasil; Argentina; eleição nos EUA; e tecnologia e inteligência artificial.

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– Uma discussão que está ganhando bastante espaço é o quanto de energia você precisa para fazer inteligência artificial. Essa é uma das razões pelas quais o estado do Texas, nos EUA, e a cidade de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos estão se tornando grandes destinos de datacenters, que são antessala da inteligência artificial por ter energia barata. Essa é uma possibilidade para o Brasil e Santa Catarina de explorar o conceito de inteligência artificial verde porque a matriz energética brasileira pode ser diferencial – destacou Marcos Troyjo.

Marcos Troyjo foi palestrante e medidador de evento sobre permacrise (Foto: Filipe Scotti)

A presidente do conselho de administração do banco Santander, Deborah Vieitas, apontou obstáculos para a economia brasileira, como a necessidade de maior empenho para controlar a inflação, custos financeiros elevados e desequilíbrio das contas públicas. Mas, a equipe econômica do banco mantém um cenário otimista ou de estabilidade para indicadores importantes da economia.

A equipe econômica do Santander estima que o PIB do país este ano deve crescer 2% e em 2025 também, a inflação oficial ficará em 3,4% em 2024 e em 3,8% em 2025, o dólar deve fechar 2024 em R$ 5 e a taxa Selic em 9,75%. Deborah Vieitas criticou a alta carga tributária no Brasil e revelou uma área que está em alta no banco.   

– Um segmento onde nós temos mais crescido no Santander é o segmento das pequenas e médias empresas. Eu acho que isso que dizer claramente que alguma coisa estamos fazendo de certo para que elas estejam vindo e sendo financiadas pelo banco. Então, eu estou muito feliz pelas estatísticas deste ano, o crescimento que tivemos nesse segmento. Um fato importante desse processo é que nós estamos uma preocupação cada dia maior em oferecer formação financeira para esses empreendedores pela Academia Santander – explicou a presidente do conselho do banco.

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Cientista político e professor universitário, Fernado Schüler chamou a atenção sobre a crônica dificuldade do Brasil de fazer reformas e quando faz, falta priorizar a qualidade das reformas, para priorizar o bem da maioria. Ele criticou o fato de o Brasil ter aprovado e estrar implantando uma reforma tributária que terá a maior alíquota de IVA do mundo.

– Eu acho uma vergonha um IVA de 27%. Vamos fazer uma reforma tributária com o maior IVA do Planeta. Somos recorde em tudo o que é coisa ruim. O meio empresarial precisa se posicionar – disse Schüler,  para quem essa pressão por privilégios acontece por falta de liderança.

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