O que mais de 20 marcas de moda do Brasil têm em comum? Todas contam com um fornecedor de tecidos especiais, a fabricante catarinense RenauxView, da cidade de Brusque, que neste domingo celebrou 100 anos de atividades. Entre as marcas que integram esse grupo estão Farm, Cris Barros, Animale, Maria Filó, Hering, Dzarm, Brooksfild, Le Lis Blanc, John John, Aramis, Dudalina, Damyler, Lança Perfume e Deliz.
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Neste domingo (27), o presidente da RenauView, Armando Hess, e o diretor financeiro Márcio Bertoldi lideraram uma festa para os colaboradores e alguns convidados. Entre os presentes, o empresário Luciano Hang, fundador e presidente da Havan, que começou a carreira em uma das empresas Renaux; e o diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel.
Veja mais imagens da celebração do centenário e de produtos da RenauxView:
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– A RenauxView chega aos 100 anos se reinventando. Poucas empresas no mundo fazem tecidos como nós, criando misturas de fibras e tramas diferenciadas, jacquards diferenciados. Essa é a razão pela qual a RenauxView está aqui fazendo 100 anos. Ela se reinventa continuamente. É mudar na hora certa para o caminho certo, antever um pouquinho – afirma Hess.
Um dos herdeiros da Dudalinha, grife que hoje pertence ao grupo Veste S.A., Hess é apaixonado por moda e foi isso que motivou ele e o sócio Márcio Bertoldi a adquirir a então Indústria Têxtil Renaux S.A., há 19 anos, que mais tarde mudou a marca para RenauxView. A Textil Renaux foi um braço da Fábrica de Tecidos Carlos Renaux, fundada em 1892. Por isso, na celebração deste domingo não foi citada apenas a empresa centenária, mas também essa fábrica histórica, que estaria com 133 anos se não tivesse fechado.
A RenauxView – antes Indústria Textil Renaux, começou fabricando tecidos de decoração. Depois, nos anos de 1960, começou a fazer tecidos para roupa masculina. A chegada dos novos sócios significou uma virada para moda, com a produção de tecidos exclusivos para grifes do setor do Brasil e também com alguma presença no exterior.
– A prioridade dos investimentos é para tecnologia. Isso que é bacana por parte do Armando (Hess): se sobra um dinheirinho, ele compra uma máquina nova – diz o gerente técnico de pesquisa e desenvolvimento da empresa, o engenheiro têxtil Nilson Ebele.
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Para o diretor financeiro, Márcio Bertoldi, esta celebração de 100 anos significa muitos avanços conquistados na recuperação da empresa e, também, uma visão de futuro com mais oportunidades, apesar dos desafios constantes.
– Quando assumimos a empresa, em 2005, as dificuldades eram maiores do que pareciam inicialmente. Mas fomos em frente porque não era só negócio. Não era dinheiro, entendeu? Não era material. Era muito mais do que isso. Era reativar uma empresa que estava pronta para morrer. Então, se nós não tivéssemos tomado algumas atitudes corajosas, no final das contas a empresa não estaria de pé hoje – destaca Bertoldi.
No ano de 2024, apesar de a economia brasileira ter crescido acima do esperado, a RenauxView não pôde acompanhar esse ritmo. Isso porque alguns clientes do segmento de moda masculina decidiram importar tecidos ao invés de comprar fabricados no Brasil. Isso descompensou o resultado, apesar de a empresa ter crescido no segmento de moda feminina, explica Hess.
Sobre a guerra de tarifas liderada pelos Estados Unidos, o presidente da RenauxView diz que a empresa não deve ter oportunidades diretas com isso porque não exporta ao mercado americano. É que as marcas dos EUA produzem na Ásia e, pelo Custo Brasil, produtos feitos em SC não são competitivos lá fora. Questionado se poderia comparar o custo no Brasil e lá fora, ele citou a China.
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– Se partirmos de uma mesma base de tecido, vamos partir do algodão brasileiro que é um dos melhores do mundo hoje. Tecido feito na China com o algodão brasileiro custa entre um terço e um quinto do custo de fazer no Brasil. Então, tentar competir lá fora seria perder energia para alguma coisa que não vai a lugar nenhum. Agora, tem que desenvolver o mercado brasileiro. A RenauxView consegue fazer diferente no mercado brasileiro, faz tecidos exclusivos para marcas locais – observa Hess.
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