Como a maioria dos trabalhadores e empresas perdeu renda com a crise do novo coronavírus, pagar aluguel no prazo ficou mais difícil para um maior número de pessoas. Por isso, as fintechs, startups de tecnologia da área financeira, aproveitam para oferecer soluções ao setor imobiliário, especialmente o parcelamento de aluguéis.

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A CredPago, startup de Joinville voltada ao setor imobiliário, acaba de lançar a ferramenta gratuita Fica Azul, para as imobiliárias negociarem dívidas em aberto com os seus clientes. A expectativa é que até o fim do ano sejam recuperados R$ 20 milhões em aluguéis atrasados no país com a ajuda dessa inovação.

Uma solução nessa mesma área, mas com foco no cliente final, o locatário, foi lançada em meados de maio pela PicPay, fintech do Espírito Santo. Um aplicativo oferece as opções de pagamento à vista ou a prazo. Entre as imobiliárias que fizeram parceria com a PicPay é a Ibagy, que tem cinco agências na Grande Florianópolis.

A ferramenta da CredPago, nessa primeira fase, é voltada exclusivamente para imobiliárias. O objetivo é facilitar cobranças e negociações entre as partes, ou seja, permite negociar dívidas em atraso e também débitos futuros, conforme a necessidade de cada um. O CEO da CredPago, Jardel Cardoso, explica que a solução foi pensada para fazer com que as cobranças sejam feitas de forma mais fácil e flexível, tornando a relação entre as partes mais humana.

A nova ferramenta prevê que o locatário que precisa negociar dívida procure a imobiliária, que informará para a CredPago. A fintech oferecerá uma proposta para o locatário, que poderá fazer ainda uma contraproposta, para então finalizar a negociação. O plano da startup, no futuro, é oferecer essa alternativa digital de cobrança também para outros setores da economia.

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No caso da PicPay, a pessoa que aluga o imóvel é quem decide como vai pagar. A startup oferece aos locatários uma promoção, que é um retorno em dinheiro na conta “cashback”, direto no aplicativo. Corresponde a 10% do valor do aluguel, mas não pode ultrapassar R$ 100. Além disso, o valor tem que ser usado para pagamento de contas dentro da plataforma.

Controlada pela holding J&F, também controladora do Grupo JBS, dono da Seara em SC, a PicPay se apresenta no mercado como uma carteira digitial (e-wallet), que atua com aplicativo para a digitalização de pagamentos.

A catarinense CredPago, fundada em 2016, é voltada principalmente na digitalização de negócios imobiliários e atua em todo o país. No ano passado, lançou solução que dispensa fiador nos contratos de locação e em fevereiro deste ano recebeu um aporte de capital do banco BTG Pactual.

Inadimplência setorial

O impacto da pandemia tem causado variação diferente de inadimplência no setor de locação pelo país. Em Santa Catarina, a situação é um pouco melhor do que em outras regiões. A inadimplência na Grande Florianópolis subiu de 40% a 70% no período, informa o empresário Leandro Ibagy, presidente da Imobiliária Ibagy. Segundo ele, a média de dívidas com atraso superior a 30 dias era de 2,6% e cresceu para 4,3% durante a crise. Ele observa que quem renegociou teve menos perdas e a ferramenta PicPay trouxe resultado positivo para a empresa porque, em junho, a inadimplência na Ibagy está menor que a de maio.

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A cidade de São Paulo teve impacto um pouco maior. Uma sondagem feita pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-SP) apontou que os atrasos nos pagamentos subiram de 4,94% para 7,35% de fevereiro para março, o que significa uma alta de 49% da inadimplência.

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