Nos últimos anos, o Banco Central do Brasil acelerou a adoção de tecnologias para facilitar a vida financeira de pessoas e empresas e reduzir custos bancários. Nessa lista está o revolucionário Pix, sistema que desperta interesse de dezenas de países, e o Open Finance, que compartilha informações. A adoção dessas inovações conta com atuação do Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas (LIFT) que tem modelo colaborativo inspirado no ecossistema de tecnologia e inovação de Santa Catarina.
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Essa informação foi destacada pelo chefe da Unidade de Inteligência Analítica e Inteligência Artificial do Banco Central do Brasil, André Siqueira, em palestra no Fintech Trends 2025, quinta-feira (30), em Florianópolis. Na terceira edição, o evento realizado pela Vertical Fintechs da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate) já se tornou o maior da Região Sul em debates sobre esses temas.
Fintech Trends abordou inovações que projetam setor financeiro do Brasil:
Siqueira destacou que o laboratório LIFT foi fundado em 2018, depois que uma missão do Banco Central do Brasil à Inglaterra viu o ecossistema de inovação financeira montado naquele país. Como não poderiam simplesmente importar aquele modelo, servidores do banco, incluindo ele, foram incumbidos de identificar um modelo adequado à realidade brasileira.
– Vimos que no Brasil não havia nenhuma iniciativa desse tipo no mercado de finanças. Entretanto, identificamos que em Santa Catarina havia uma iniciativa de um ecossistema de inovação. Então, convidamos o professor Carlos Alberto Schneider (da Fundação Certi) que foi nosso convidado na primeira edição do LIFT para fazer o Keynote Speakers (palestra principal) a respeito do modelo de inovação que haveríamos de trabalhar – contou Siqueira.
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Segundo ele, a ideia foi criar um ecossistema aberto, com participação do governo, setor privado e academia (tríplice hélice). Ao invés de o Banco Central propor ideias, elas são demandadas, sugeridas pelos participantes do mercado e adaptadas para promover a melhoria do sistema financeiro nacional. Siqueira coordena o LIFT, que é um laboratório do BC junto à Federação Nacional das Associações dos Servidores do Banco Central (Fenasbac) junto à sociedade.
O BC já está no sexto ano desse ambiente amplo de participação, com seis edições do laboratório. Até agora, 80 empresas foram formadas a partir de sugestões de bancos, outras instituições financeiras e pessoas físicas, informou ele.
O tema da palestra de Siqueira foi “Regulação, Inovação & Confiança”. Ele destacou importância da confiança na autoridade monetária do país para que sejam adotadas tecnologias avançadas que facilitam a vida das pessoas.
– A confiança é a chave para resolver o dilema da regulação e da inovação. Isso porque o regulador precisa garantir limites para a aceleração, de maneira a gerenciar riscos. E a inovação precisa quebrar limites para garantir que o novo seja introduzido no processo – explicou o coordenador do LIFT.
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Segundo ele, os avanços tecnológicos evoluem com experiências e ampla troca de informações com todos os envolvidos no setor financeiro.
Acate destaca inovação e investimentos
Um dos palestrantes na abertura do Finech Trends 2025 foi o presidente da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), Diego Ramos. Ele falou sobre a evolução do ecossistema de tecnologia e inovação de Santa Catarina que tem trajetória de 40 anos.
O empresário enfatizou que o estado conta com empresas sólidas, com tecnologias exclusivas, além da série de startups que colocam SC e Florianópolis como referências no país.
– Um dos gaps que a gente tem aqui no nosso ecossistema é a falta de grandes investidores no setor de tecnologia. Temos muitos investidores-anjos, seed money e venture capital, que são investimentos de até R$ 4 milhões. Mas não temos os grandes cheques, que gostaríamos de atrair – afirmou Diego Ramos.
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Desde o ano passado, duas empresas de TI de SC atraíram grandes investimentos: a Asaas, de Joinville, recebeu aporte internacional de R$ 820 milhões e a Starian, de Florianópolis, R$ 640 milhões. A expectativa é conquistar mais cheques desse porte porque o ecossistema de SC tem potencial para isso, entende a Acate.
Para Ricardo Toledo, líder da Vertical Fintechs da Acate, que coordenou o evento juntamente com o empresário Adonai Zanini, a inclusão do setor de tecnologia de SC nos debates sobre soluções ao setor financeiro abre oportunidades para mais projeção. Assim, o setor de TI de SC ganha mais visibilidade também para atrair mais investimentos.



