Uma valorosa aula de administração empresarial foi a palestra do presidente do conselho de administração da multinacional catarinense Duas Rodas Industrial, Leonardo Fausto Zipf, na ExpoGestão 2025, nesta quarta-feira. Um dos pontos que destacou foi a preferência da companhia – líder em aromas e ingredientes para alimentos na América Latina – em preparar entre seus colaboradores executivos que vão liderar a empresa, como foi o exemplo da nova presidente executiva, Rosemeri Francener, que assumiu em abril. Outro destaque foi o modelo de gestão com crescimento e inovação, que permitiu a empresa chegar agora, aos 100 anos, como uma multinacional bilionária.

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Segundo Zipf, com certeza, o casal de imigrantes alemães Hildegard e Rudolph Hufenüssler, que trouxeram uma máquina de aromas no navio e em 1925 e fundaram a Duas Rodas em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, não imaginaram que essa empresa, pouco antes de completar 100 ano, em 2024, voltaria para a Alemanha para comprar uma indústria daquele país (a tropextrakt).

Esse fato raro resultou do avanço da companhia de um modo geral, mas que nas últimas décadas se destacou em inovação, internacionalização e uso de inteligência artificial. E tudo isso resultou em crescimento e uma companhia mais sólida, que hoje prefere formar internamente a maioria dos executivos.

– Eu não acredito em contratações de última hora, tentando buscar apenas currículos que sejam brilhantes. Eu acho que é muito importante que a pessoa tenha um fit cultural com a organização e que seja um talento dentro daquilo que a organização precisa. Conhecer o negócio é fundamental – afirma Zipf.

De acordo com o empresário, a escolha de executivos entre os colaboradores da própria empresa visa valorizar as equipes internas, que já atuam na companhia. Segundo ele, se a empresa não tem pessoas preparadas internamente para assumir determinado cargo, o líder é o único culpado, porque as pessoas estão lá disponíveis a serem treinadas e é precisamos treinar. Isso demanda tempo e dedicação.

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A Duas Rodas oferece uma série de benefícios aos colaboradores dispostos a buscar formação dentro das áreas necessárias à empresa. A companhia colabora, por exemplo, com pagamento parcial ou total de formação executiva, no Brasil e até no exterior, nesse caso quando busca da formação é para funções mais elevadas. Mas nem todos diretores contratados pela empresa nos últimos anos foram formados internamente. Em algumas vezes, o conselho avalia que uma pessoa de fora pode ser a melhor escolha.

Recebemos a empresa “emprestada”

Outra revelação sobre “herança” rara a herdeiros foi feita durante a palestra pelo presidente do conselho da Duas Rodas. Ele contou que, quando assumiu a presidência da empresa, sendo da terceira geração, os então acionistas da segunda geração Dietrich e Rodolfo, disseram a ele que estariam “emprestando a empresa” para a terceira geração para que ela entregasse uma empresa ainda maior à quarta geração.

Esse desafio foi alcançado. Zipf passou para a nova presidente, primeira executiva que não é da família, uma Duas Rodas bilionária, com atividades diversificadas e presença nos mercados de mais de 70 países.  

– Nós estamos entregando para as próximas gerações a empresa para que elas entreguem maior para os seus filhos. Meu quinto neto está nascendo agora, na manhã desta quinta-feira. Então aumenta ainda mais a nossa responsabilidade em relação a tudo isso – afirma Zipf.

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