A indústria brasileira estreia no desenvolvimento e produção de satélites de órbitas baixas com tecnologias de ponta e o primeiro será feito no Instituto Senai de Inovação em Sistemas Embarcados, em Florianópolis. O projeto é da empresa Visiona Tecnologia Espacial — uma Joint Venture entre a Embraer e a Telebras – de São José dos Campos, São Paulo, que firmou ontem à tarde uma parceria com o Instituto Senai para o desenvolvimento conjunto no Parque Sapiens, na Capital.
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Com tamanho de uma caixa de sapatos (10x20x30 centímetros), o satélite orçado em R$ 12 milhões dará uma volta à terra a cada hora e meia numa órbita a 600 quilômetros de distância, captando imagens sobre águas, vegetação e outras. A parceria foi assinada por João Paulo Campos, presidente da Visiona, e Tito Schmidt, vice-presidente regional da Federação das Indústrias de SC (Fiesc), entidade que engloba o Senai-SC.
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O novo satélite, que será lançado no primeiro semestre de 2020 pesará 11 quilos e ficará no espaço num período de um a quatro anos. Segundo João Paulo Campos, a Embrapii, Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial, participa com 50% do valor investido no projeto.
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– Estamos trabalhando há dois meses na divulgação desse satélite. O que se percebe é um interesse enorme, tanto no Brasil quanto no exterior, de forças armadas, a Embrapa e outras instituições. A gente está muito otimista em relação ao futuro dele — disse João Paulo Campos, feliz com o passo desta segunda-feira (21).
Entre as tecnologias embarcadas no satélite estarão uma câmera inédita de alto desempenho, diferenciada em termos internacionais e uma tecnologia de rádio para coleta de dados. A princípio, o objetivo é captar informações meteorológicas, mas essas funções poderão ser alteradas no espaço, permitindo testar outras aplicações, explicou Campos.
– A participação do Instituto Senai foi fundamental, com suas competências somadas às nossas. É uma parceria que tem tudo para ser de longo prazo e tornar o Senai um polo de tecnologia espacial – disse o presidente da Visiona.
Também presente no evento, o presidente da Embrapii, Jorge Guimarães, mostrou confiança na capacidade de desenvolver e aplicar tecnologia de ponta embarcada.
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– Hoje é um dia bastante interessante porque tínhamos a expectativa de que em alguma hora íamos partir para o ar. Então partimos. A Embraer já faz muita coisa aqui (em Florianópolis), e agora temos a expectativa do satélite. Será o primeiro, mas não deve ser o último – afirmou Guimarães.
O teste das tecnologias nessa escala permitirá que no futuro sejam usadas em satélites maiores do país, tanto para defesa quanto para outros projetos.
Engenheiros do ITA
O primeiro satélite privado está se tornando realidade a partir da empresa Visiona, fundada em abril de 2012 graças à formação de engenheiros pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Quem está à frente do projeto na Visiona é Danilo Miranda, que além da graduação no ITA, fez um estágio na unidade de desenvolvimento de satélites da França. E pesou para a parceria firmada ontem o fato de o diretor do Instituto Senai de Inovação em Sistemas Embarcados, Pierre Mattei, ser doutor com foco na área de satélites.
R$ 92 mi em projetos
Atualmente, o Instituto da Indústria do Senai-SC, que tem a unidade de sistemas embarcados em Florianópolis, mais as de manufatura avançada e laser em Joinville conta com projetos em andamento de R$ 37 milhões e está captando mais R$ 92 milhões. Isso envolve tecnologias avançadas para diversos tipos de indústria. Mas a participação em projeto espacial é um diferencial porque envolve mais precisão.
Imersão Embrapii
A parceria no projeto do satélite foi firmada ontem dentro da 8ª edição nacional do Programa de imersões em Ecossistema de Inovação, uma parceria entre a Embrapii, Senai e CNI que vai acontecer, esta semana, em cinco capitais do país. Florianópolis abriu a semana com visitas à Fundação Certi, o Laboratório Polo-UFSC e o Insituto Senai. Nesta terça será em SP, depois em BH, Recife e Salvador.
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