Ao reabrir shoppings, galerias e outras atividades a partir desta quarta-feira, o governo do Estado agrada o setor produtivo, mas também aumenta a apreensão dos catarinenses sobre o risco de os casos de coronavírus subirem no Estado e o sistema de saúde não dar conta.
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Para avaliar essa reabertura de shopping que não era esperada para agora, ouvi algumas lideranças da área econômica e também busquei números internacionais para fazer comparações. Sobre a retomada, mesmo sem os detalhes técnicos usados pelo governo do Estado, os empresários consideram que dois fatos pesaram para o governo.
Ouça o comentário para o Notícia na Manhã desta quarta-feira:
Um dos fatos é que a ocupação do sistema de saúde e de vagas de UTI do Estado segue baixa. Está abaixo de 20%. O outro é que a economia está sofrendo muito, como mostraram as pesquisas da Fiesc e do Sebrae/SC. A da Fiesc, divulgada na semana passada, apontou 165 mil demissões e a do Sebrae, divulgada segunda-feira, que incluiu todos os setores econômicos, estimou 406 mil demissões em apenas 30 dias, um recorde para Santa Catarina.
Alemanha e SC na pandemia
Como estamos olhando muito o que acontece em outros países, fiz uma comparação entre Santa Catarina e Alemanha, usando dados do país europeu de um acompanhamento independente que está sendo feito pelo auditor fiscal da Fazenda do Estado, André Rezende.
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Santa Catarina e Alemanha iniciaram a quarentena quase ao mesmo tempo, sendo alguns setores suspensos antes por lá. O país europeu está sendo muito elogiada agora pelas medidas que tomou e vem tomando para enfrentar o coronavírus.
Com 83 milhões de habitantes, a Alemanha teve até agora 5.086 óbitos. Santa Catarina, com 7 milhões de habitantes, teve 37 óbitos.
Se a Alemanha tivesse a média de óbitos catarinense proporcionalmente à população total, somaria agora apenas 439. E se SC tivesse o mesmo número de óbitos proporcionalmente à população da Alemanha, teria até agora 429 mortes. Significa que o isolamento em SC teve um impacto mais efetivo.
Santa Catarina está melhor, mas agora está retomando atividades de uma forma mais ampla que os germânicos e tem menos estrutura de saúde. Isso reforça a importância de o Estado tomar cuidado e quem puder, deve ficar em casa.
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Eles registraram mais casos porque estão no centro da Europa e já tinham mais pessoas infectadas quando iniciaram o isolamento porque não suspenderam o carnaval. Entre as vantagens que eles têm em relação a SC está o forte sistema de saúde, mais testes e um trabalho especial agora para que cada pessoa com o vírus passe para apenas outra. Aqui não temos esse controle.
Fechamento de empresas
A pesquisa do Sebrae/SC apontou também que durante o mês de isolamento teriam sido fechadas no Estado mais de 10 mil empresas. Mas esse número tão alto ainda não foi formalizado.
Como os dados da Junta Comercial de Santa Catarina estão totalmente digitalizados, um levantamento feito pela instituição sobre o primeiro mês do isolamento, de 17 de março a 17 de abril, apurou que no período foram constituídas 9.337 empresas e fechadas 2.930, o que dá um saldo positivo de 6.407. O percentual de empresas encerradas frente ao total de abertas representou 31,38%.
No mesmo período do ano passado, sem a Covid-19, Santa Catarina abriu 14.397 empresas e fechou 5.230. O saldo ficou em 9.167 e o percentual de extintas em relação ao total ficou em 36,32%.
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Com esses dados podemos concluir que os empresários que pensam em fechar o negócio ainda não formalizaram e poderão fazê-lo nas próximas semanas ou meses, ou poderão não fechar porque a economia foi retomada, mesmo em menor ritmo. Além disso, os números mostram que também estava difícil manter negócios em março do ano passado, sem coronavírus.