Parte expressiva dos brasileiros votou em Jair Bolsonaro por dois motivos: acreditava que ele seria a melhor alternativa para tirar o país da mais profunda crise da história e também que poderia combater a corrupção. Mas a forma como o presidente tem tomado algumas decisões de governo está gerando crises e dificultando a retomada da economia. A pressão que forçou o presidente do BNDES, Joaquim Levy, a pedir demissão neste domingo causa instabilidade no governo, nos mercados, acaba postergando investimentos e prejudicando a retomada.

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Na campanha, Bolsonaro disse que o ministro da Economia, Paulo Guedes, teria carta branca. Por isso agora, para o mercado, o que aconteceu nos últimos dias no BNDES pode significar intervencionismo econômico. Uma das críticas, a de que Levy teria que abrir a “caixa preta” do BNDES dos governos anteriores é questionável. Isso porque os contratos foram divulgados e há investigações em andamento pelo menos sobre a liberação das maiores cifras, para a JBS. Se alguma apuração maior precisa ser feita, não seria um trabalho dos próprios servidores do banco. A outra crítica, demora para vender ativos do banco é natural diante de indefinições e economia em baixa.

Preocupa a intenção do governo de reduzir a participação do BNDES em grandes investimentos e há dúvidas sobre como o banco vai ajudar a aquecer a economia. Falta ao presidente foco no que é importante para ajudar os brasileiros na retomada da economia e tomar decisões mais equilibradas.