O governo alemão lançou um aplicativo de celular que, de forma colaborativa, rastreia quem manteve contato com pessoas infectadas pelo novo coronavírus nas últimas duas semanas. O software ajudará a conter surtos de Covid-19 na origem, algo fundamental para que medidas de isolamento possam ser relaxadas.

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Santa Catarina deveria ficar de olho no exemplo europeu. O estado começou a ensaiar as primeiras estratégias de rastreamento de contatos.

Na Alemanha, funciona assim: o cidadão baixa o programa voluntariamente e aceita ter informações coletadas com o uso do sistema Bluetooth. Por meio da comunicação entre os smartphones, será possível identificar e contatar pessoas que permaneceram perto do paciente por mais de 15 minutos e a uma distância inferior a 1,5 metro.

Coreia do Sul, Nova Zelândia, Itália, França e Austrália também apostaram em aplicativos de rastreamento contra a Covid-19 depois que conseguiram baixar a curva de casos.

Sem a tecnologia digital, a tarefa de rastrear possíveis contaminados exige enormes recursos e tempo. Ainda mais num país em que a pandemia não para de crescer, como o Brasil. E não há notícia de coordenação nacional para uma iniciativa do tipo.

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Experiências em SC

Santa Catarina, pela vocação na área de TI, tem potencial para desbravar esse caminho. Até já existem duas ferramentas de rastreamento desenvolvidas no estado. Uma em Florianópolis e outra em Blumenau.

São bastante semelhantes, mas somente a da Capital, desenvolvida pela startup Smart Tracking, está em implantação, com apoio de empresas e prefeitura. A de Blumenau foi concluída e testada pela Lilium Sistemas no fim de março. Quatro municípios demonstraram interesse, mas nenhum até o momento pôs a ideia em prática.

Em ambos os softwares, os cidadãos precisam fazer check-in em estabelecimentos comerciais e ônibus, fotografando um QR Code com a câmera do celular. Assim, quem compartilhou ambiente fechado com alguém infectado receberá mensagem de orientação. Cabe à autoridade de saúde atualizar o sistema com os casos confirmados.

Em Florianópolis sistema com QR Code está em implantação
Em Florianópolis sistema com QR Code está em implantação (Foto: Cristiano Andujar, Divulgação)

As propostas catarinenses dão mais trabalho para o usuário que o modelo alemão, mas rodam na web, sem necessidade de baixar app. Todas, incluindo a alemã, garantem que protegem os dados dos usuários.

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Blumenau

A prefeitura de Blumenau já possui um aplicativo, o Pronto Mobile, em que o cidadão se relaciona com o sistema público de saúde. Nele há informações sobre consultas, prescrições e agendamento de vacinas, entre outros. Durante a pandemia, uma nova funcionalidade foi inserida: a de monitoramento dos pacientes positivos ou suspeitos, via localização e mensagens enviadas por servidores.

O contingente de cidadãos já interagindo com o Pronto torna-se um privilégio para enfrentar aquele que é o maior desafio: adesão. Estima-se que 60% da população precise engajar-se para o esforço coletivo dar resultado. Algo ainda distante mesmo para os disciplinados alemães.

Uma ferramenta simples e segura (especialmente no tema da privacidade de dados) é o primeiro passo. Para avançar, é necessário o envolvimento do poder público e da sociedade civil para engajar os cidadãos.

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