Um ex-militar preso na Alemanha quarta-feira (7) por participar de um suposto plano de golpe de estado viveu e manteve negócios em Santa Catarina ao menos até o ano passado. Rüdiger Wilfred Hans Von Pescatore, de 69 anos, é apontado pelas autoridades do país como responsável por recrutar integrantes de forças de segurança para um grupo classificado como “terrorista”. Ele foi detido na região de Freiburg.

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Pescatore tem duas empresas ativas registradas no Estado, em ambas o genro é sócio. Uma consultoria empresarial, com sede em Pomerode, e uma representação de painéis solares, em Blumenau. O endereço da primeira é uma residência no Centro da cidade onde familiares moraram até 2020, quando teriam se mudado para o Paraguai. A segunda é uma sala comercial na Rua XV de Novembro. Os telefones relacionados às empresas estão desativados.

De acordo com uma pessoa próxima à família que não quis se identificar, Pescatore chegou à região por volta de 2016 acompanhado da esposa, de uma filha, do genro e de netos. Ele fixou residência num sítio na região do Encano, em Indaial. Visitava a filha, em Pomerode, com frequência, mas tinha poucos contatos fora do convívio familiar.

Antes de Santa Catarina, o ex-militar havia morado em pelo menos mais dois estados brasileiros: São Paulo e Rio Grande do Norte.

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Armas

Segundo a imprensa alemã, entre 1993 e 1996, Pescatore comandou um pelotão de paraquedistas das Forças Armadas do país. Ele teria sido afastado à época por suspeita de desviar armas. Depois que a prisão por conspiração veio à tona, nesta semana, ex-colegas de batalhão relembraram as acusações em um grupo de Facebook e se mostraram surpresos ao ver a foto do ex-comandante nos jornais.

No Vale do Itajaí, quem teve contato com a família de Pescatore custa a acreditar na história. Exceto pelo envolvimento com teorias conspiratórias e negacionismo relacionado à Covid-19 — traço comum entre os membros do grupo, segundo a investigação alemã.

A operação desencadeada pela polícia da Alemanha é descrita como a maior da história contra grupos extremistas. Cerca de 3 mil policiais foram acionados para cumprir mandados de busca e de prisão. Ao todo, há mais de 50 pessoas investigadas. Entre os líderes detidos, além de Pescatore, estão um descendente de uma das antigas monarquias alemãs, uma ex-parlamentar e outros ex-militares.

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