A paisagem do Centro de Blumenau está mudando. Prédios altos, muito maiores do que a média, aos poucos ocupam a visão de quem antes enxergava morros verdes ou a linha do horizonte. Desde que uma mudança no Plano Diretor, há cerca de 10 anos, fez do céu limite para as construtoras, lugares antes admirados pelos traços da natureza, com o Itajaí-Açu em destaque, agora estão marcados pelas linhas desenhadas por arquitetos.
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Há quem veja na verticalização quase sem teto uma saída inevitável para o futuro da ocupação urbana. Entre os rios e vales blumenauenses o espaço para crescimento é exíguo. Adensar a área central seria uma forma de evitar deslocamentos e proporcionar qualidade de vida, concentrando serviços públicos num mesmo lugar.
Outros criticam a descaracterização da cidade — a exemplo do que sugere a foto de Patrick Rodrigues, no alto desta coluna. O estímulo ao preenchimento da paisagem com espigões de concreto sonega o panorama de todos para garantir vista privilegiada a uns poucos que viverão no alto das torres. Isso enquanto uma torre ainda mais alta não surgir na frente da janela. Blumenau perde, assim, uma de suas características mais agradáveis: para todo lado que se olha há um morro verde.
> Quem é o empresário que plantou 70 ipês-amarelos no Centro de Blumenau.
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Pelas reações da população a cada novo projeto lançado, a cada nova obra, o assunto merecia debate mais aprofundado sobre as consequências irremediáveis da atual política de ocupação. Afinal, é esta a Blumenau que a comunidade deseja para viver?
Ou será que já é tarde demais?
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