Cerca de 10 mil comprimidos de cloroquina recebidos por Blumenau em 2020 para a pandemia de Covid-19 foram para o lixo. As doses venceram em maio, após sucessivas tentativas do município de passá-las adiante. Como faltaram interessados, o estoque restante teve de ser entregue a uma empresa especializada para descarte.
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Um lote de 36 mil comprimidos de cloroquina havia sido enviado a Blumenau pelo Ministério da Saúde em agosto de 2020. A carga, solicitada pela prefeitura, funcionou como resposta à pressão popular, estimulada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), para que o medicamento fosse receitado para combater o coronavírus no Brasil. Não havia na época, e continua não havendo, indícios científicos de que a cloroquina fosse eficaz contra a Covid-19.
Como a maioria dos médicos da rede pública não receitou a cloroquina aos pacientes, o megaestoque de Blumenau encalhou. A coluna mostrou, em novembro de 2020, que as 36 mil doses poderiam suprir a demanda por 100 anos. O problema é que o prazo de validade dos remédios expirava bem antes disso.
Segundo a Secretaria de Promoção da Saúde, antes do vencimento cerca de 25 mil doses foram cedidas a outras cidades catarinenses, seguindo orientações da Secretaria de Estado da Saúde. Pouco mais de mil comprimidos foram dispensados à população, seja para tratar a Covid-19 ou outras doenças.
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O município ainda tentou distribuir a cloroquina a clínicas privadas, mas nenhuma manifestou interesse em recebê-la de graça para receitar aos pacientes de Covid-19. Por fim, a intenção era devolver as 10 mil doses restantes ao Ministério da Saúde, o que também não se concretizou.
Só em 2020, o laboratório do Exército produziu mais de 3 milhões de doses de cloroquina para distribuir aos municípios como estratégia de combate à Covid-19. O lote de Blumenau que foi para o lixo é só uma amostra do desperdício de dinheiro público provocado pelo populismo sanitário.
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