Para quê o Parque Vila Germânica, em Blumenau, promove eventos públicos? Essa pergunta está implícita nas duas recentes polêmicas envolvendo festas municipais: o novo formato da Sommerfest e a reivindicação das cervejarias artesanais para assumir a Oktoberfest. Refletir sobre os objetivos do poder público ao atuar nos setores turístico e de entretenimento pode ajudar a definir critérios para a tomada de decisão.
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A primeira questão diz respeito às manifestações culturais de origem germânica na nova Sommerfest. Shows de música popular brasileira atraíram público recorde à festa que, reconheça-se, era patinho feio em comparação com a irmã famosa. Foram mantidos um pavilhão com música típica e a meia-entrada para quem entrasse trajado, o que resultou num evento de identidade confusa, criticada por puristas.
Na Oktoberfest, a polêmica é se o poder público deveria mudar o edital que selecionará a cervejaria oficial para estimular a participação de consórcios de artesanais. Empresários do setor defendem a valorização do produto local. A prefeitura argumenta que não pode abrir mão de receitas milionárias com a principal cota de patrocínio.
De volta à pergunta inicial, por que estruturas públicas devem promover eventos? Tentando simplificar ao máximo a discussão, a resposta passa por economia e cultura. É papel do Estado fomentar o desenvolvimento de negócios e a geração de empregos, assim como valorizar manifestações culturais.
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Blumenau não está amarrada à cultura alemã. É necessário que eventos representativos de outros grupos étnicos tenham apoio público, algo que a Sommerfest de fato fez em 2023. Mas, do ponto de vista econômico, a festa mais curta e sem mote definido perdeu interesse turístico. É voltada ao lazer do blumenauense que pode pagar ingresso, e não ao visitante. Missão que teatros e casas de show privados já cumprem. Deve o poder público concorrer com eles?
No caso da Oktoberfest, há bons argumentos econômicos lado a lado. Para a prefeitura, o lucro do grande festival alemão ajuda a bancar eventos menos rentáveis, como Natal, Páscoa e Réveillon. Enquanto as cervejarias sustentam que o retorno em impostos, empregos e investimentos nas empresas daqui superaria eventuais perdas na arrecadação.
Quando a discussão chega à cultura, porém, a tese dos cervejeiros é difícil de contestar. Blumenau tem história na produção da bebida desde a colonização e, por iniciativa própria, tornou-se Capital Nacional da Cerveja. Na evolução recente da Oktoberfest, a chegada das artesanais, em 2005, representa um marco de qualidade e diversidade. Parece questão de tempo que elas assumam de vez o protagonismo. A dúvida é se esse momento já chegou.
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