O jogo de empurra das autoridades estaduais e municipais nas decisões para conter o coronavírus nesta semana evidenciou outra vez a precariedade da governança da crise em Santa Catarina. O Estado gira em círculos desde meados de 2020, quando o governador Carlos Moisés (PSL), sob intensa pressão, começou a delegar responsabilidades aos municípios. Gerou um vácuo de liderança que mina a credibilidade das ações e agrava os efeitos da pandemia.

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> O que abre e o que fecha em SC no fim de semana com as novas restrições.

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Na Saúde e na política, o apelo via Whatsapp enviado quarta-feira (24) pelo secretário André Motta Ribeiro aos municípios para que decretassem medidas mais restritivas foi compreendido como admissão de falta de respaldo político. Em documento oficial, o conselho de secretários municipais devolveu a batata quente a Florianópolis. Só então, quinta à noite, surge o segundo decreto de Moisés, com as quarentenas de fim de semana.

Nas associações municipais, prefeitos dividem-se entre aqueles que precisam lidar com a superlotação das UTIs e os que transferem pacientes aos vizinhos. Os primeiros pressionam por mais restrições. Os segundos evitam ao máximo pôr a assinatura em medidas impopulares. Ambos pressionam o governo do Estado para que assuma as rédeas da situação, o oposto daquilo que reivindicaram no primeiro semestre de 2020.

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Dessa torneira em que todos querem lavar as mãos não poderia sair outra coisa senão decretos confusos e insuficientes para aplacar o colapso a que pacientes e profissionais de saúde estão expostos. Nesta sexta-feira, os catarinenses acordaram atrás de informações sobre o que poderá funcionar no fim de semana e sob quais condições. Quem tomou por base o primeiro decreto, da última quarta, para planejar os próximos dias teve de recomeçar do zero. A hesitação das autoridades produz, além de tudo, insegurança jurídica.

A quarentena de fim de semana tem ao menos o mérito de proporcionar um fato, um alerta. Aquilo que o “gravíssimo” do mapa de risco, banalizado, já é incapaz de produzir. Se a população entender o recado e modificar comportamentos todos os dias da semana, é possível que se encurte a tragédia sanitária em curso.

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