A Cia. Águas de Joinville vai investir R$ 556 milhões no quinquênio 2018-2022. Estão previstas obras de melhoria em abastecimento de água e ampliação do sistema de esgoto sanitário. O combate às perdas também está no cronograma. Do total dos recursos, R$ 90 milhões virão de fundo perdido do Orçamento Geral da União; R$ 367 milhões serão aplicados diretamente no sistema de coleta e tratamento de esgoto; e outros R$ 77 milhões vão ser aplicados em ações de controle de perdas de água. Em 2017, a Águas investiu R$ 50 milhões na expansão do sistema de abastecimento de água e tratamento de esgoto.
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O resultado econômico-financeiro foi extraordinariamente bom em 2017, quando a companhia apurou um lucro bem maior do que o verificado nos anos recentes: R$ 104,9 milhões para receita líquida de R$ 239,7 milhões. No ano anterior, o lucro somou R$ 45,6 milhões para receita de R$ 207 milhões.
A coluna entrevistou a presidente Luana Siewert Pretto, que conta detalhes dos resultados, fala de gestão e traça expectativas.
Que fatores determinaram esse lucro grande, atípico?
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Luana Siewert Pretto – O lucro assim tão elevado tem algumas razões. Uma delas é que vencemos ação judicial de imunidade tributária relativa ao pagamento de Imposto de Renda contra a União (Receita Federal) no valor de R$ 54 milhões. Então, R$ 30 milhões iremos receber até dezembro e os restantes R$ 24 milhões serão descontados de parcelas seguintes. Outros R$ 29 milhões vêm efetivamente do lucro operacional.
Quais obras estão previstas até 2022?
Até 2022, os investimentos previstos se decompõem, ano a ano, da seguinte forma: 2018: R$ 102,7 milhões; 2019: R$ 122,2 milhões; 2020: R$ 118 milhões; 2021: R$ 130 milhões e 2022: R$ 82,6 milhões. Do valor dos investimentos programados, R$ 40 milhões serão destinados à construção da estação de tratamento de esgoto (ETE) Jarivatuba (que, no total, vai custar R$ 90 milhões). Estamos em fase de licitação de estação elevatória da rua Florianópolis, e, nas bacias 8 e 9, abrangendo a região Sul, o custo total dos serviços será de R$ 120 milhões. Metade virá a fundo perdido. A ETE do Jarivatuba deverá ficar pronta em março de 2019.
E em outras regiões, ainda necessitadas de melhoria no serviço de esgoto, quais são os planos?
Também vamos ampliar o reservatório de água da Antarctica, na rua 15 de Novembro. A estação de tratamento de esgoto do Vila Nova está previsto no Programa Avançar Cidades. As três estações de esgoto – Vila Nova, Jardim Paraíso e a ampliação da dos Espinheiros – estão em fase de conclusão dos projetos executivos e de licenciamento ambiental junto ao Instituto de Meio Ambiente do governo do Estado. A cobertura de esgoto tratado ainda é muito pequena, de 32%. A nossa meta é atingir 52% em 2022.
A universalização do abastecimento de água ainda está no radar… As redes são velhas, há desperdícios…
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As obras de melhoria da estação de tratamento de água do Cubatão vão exigir R$ 30 milhões; é preciso substituir redes antigas, sim. E também está em fase de outorga a ETA Piraí Sul.
Que efeitos terá a construção da ETA Piraí?
A construção da ETA Piraí Sul vai reduzir os vazamentos. Atualmente, identificamos 30 vazamentos de água por dia na cidade. E conseguimos trocar 40 quilômetros de rede por ano. Joinville tem 2.200 quilômetros de rede. Há muito a ser feito.
Certamente, as perdas de água continuam enormes. A empresa consegue medir o desperdício?
Avançamos nisso. Atualmente, perdemos 571 litros/ligação dia. Em Joinville, há 155 mil ligações de água, com consumo de 4,65 milhões de litros por dia.
Além de perdas por dificuldades operacionais, evidentemente muita gente usa água sem pagar, fraudando o sistema. Há dados sobre essa situação?
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As perdas de água somam 47% de tudo o que é produzido. É muito. E, deste índice, 40% são relativo a fraudes, os chamados “gatos”. Gente que consome nossa água, mas não paga por ela.
O que se faz, então?
Temos um programa chamado Caça-fraudes. Desativamos, por ano, em média, 1.050 ligações clandestinas. O nosso sistema também consegue identificar o perfil de estabelecimentos que estão com padrões de consumo distantes do histórico e diferentes do de outros com ambientes semelhantes.
O combate às perdas traz quais resultados?
Com o combate às perdas, nós reduzimos três vezes mais do que aumentamos o consumo. Daí a pergunta: por que investir em água? É porque o crescimento da cidade não é uniforme, e temos dificuldade na redistribuição da água economizada. Por exemplo, de 2015 a 2017, a redução de perdas foi de 3.856.695 m³ e, no mesmo período, o aumento do consumo foi de 1.081.004 m³.
Estudos de alguns anos atrás sugeria a necessidade de se buscar água em rios fora de Joinville. Vai faltar água daqui a 30 anos? Vamos ter de captar no rio Itapocu, por exemplo?
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Produzimos 2.100 litros por segundo. A entrada em funcionamento da ETA Piraí Sul elevará a quantidade em 30%. Não vai faltar água pelos próximos 30 anos.
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