Os rumos da economia preocupam, mas não são, hoje, a maior dor de cabeça da indústria têxtil. Um levantamento da Abit, associação nacional do setor, revelou que a escassez de mão de obra qualificada é considerado o principal desafio das empresas para 2025, com 61% das menções em uma lista que permitia múltiplas respostas.
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A instabilidade econômica (51%), a carga tributária (49%) e os custos de produção (38%), tradicionalmente associados ao chamado “Custo Brasil” e que historicamente sempre foram os principais pontos de atenção da indústria, aparecem na sequência. O levantamento cita ainda concorrência internacional (35%) e mudanças a partir da reforma tributária (22%) e do comportamento do consumidor (12%).
Em apresentação a jornalistas na manhã desta terça-feira (14), o presidente da Abit, Fernando Pimentel, admitiu, ao ser questionado pela coluna, que não lembra quando o tópico “mão de obra” apareceu no topo das preocupações. Ele observou que o gargalo não afeta somente o setor têxtil e de confecção, mas a economia como um tudo.
— Não tem bala de prata. Vamos ter que trabalhar muito para resolver, com requalificação, contratar pessoas que talvez estivessem consideradas fora do mercado de trabalho — sugeriu o dirigente.
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Apesar das dificuldades de recrutamento, o setor, segundo Pimentel, engatou uma marcha de crescimento no nível de emprego. Entre janeiro e novembro do ano passado, a atividade gerou 27,4 mil novos postos de trabalho. O resultado acumulado de 2024 ainda deve sofrer uma queda significativa, já que no último bimestre, observa Pimentel, as empresas fazem ajustes nos quadrados – os dados de dezembro ainda não foram divulgados. O presidente da Abit estima que o saldo final deve ficar entre 10 mil e 15 mil vagas.
Outros dados apurados pela Abit mostraram um ano positivo para a produção têxtil (alta de 4%) e de vestuário (+3,8%). Para 2025, porém, as perspectivas são menos animadoras e apontam para uma alta menor, de 1,2%, impactadas por um cenário interno mais desafiador e pela agenda protecionista do novo governo Donald Trump.
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