Recentemente, estive em uma situação infeliz, de ter que dizer a um amigo que não gostei muito de The Last of Us Part II. Já falei um pouco sobre aspectos que não me agradaram neste jogo. Claro que não tenho obrigação de gostar de nada, mas é muito chato ter uma opinião impopular sobre um título que todo mundo ao meu redor parece adorar.

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Expliquei para ele o seguinte: achei o jogo muito longo e a gameplay muito repetitiva. Você fica num ciclo de chegar a um local novo, abrir gavetas procurando materiais e derrotar inimigos. Daí tem uma cinemática, você vai para outro lugar e faz as mesmas coisas. Durante 30 horas. Na minha opinião, um game repetitivo assim deveria ter, no máximo, 15 horas para não se tornar um “dever de casa”, uma “tarefa”.

Sabe o que ele me respondeu? Que também achou repetitivo, mas que as cinemáticas, a história do game, eram tão boas que valia a pena fazer as mesmas tarefas novamente para vê-las. Eu já discordo. Acho que a gameplay é a parte mais importante de um jogo. Se ela é repetitiva, então o game perde em diversão.

Quem está certo aí? Eu diria que os dois e nenhum. Vai do gosto do freguês. Algo que tem me surpreendido é que, ultimamente, tenho encontrado bastante gente que diz se importar muito com a história de um jogo. Não que eu ache que o enredo tenha que ser ruim, ou deixado em segundo plano, exatamente.

Eu acho que videogames são arte e, sendo assim, fica a critério dos autores focar no que eles acham mais importante, no que eles querem passar com aquela obra. Pode ser diversão pura, ou pode ser que a história seja mesmo a ênfase. Não acho que haja um certo e errado aí.

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Porém, o videogame sendo uma mídia interativa, fico surpresa em encontrar jogadores que não achem que a forma como você interage seja o aspecto mais importante de um jogo.

Animais pulam de máquina após Tails salvá-los em Sonic 2
Favor ajudar os animais da floresta (Foto: Reprodução/Sega Mega Drive & Genesis Classics)

Talvez eu seja muito velhinha. Quando eu era criança, a história dos jogos era “uma princesa foi raptada por uma espécie estranha de réptil” ou “um cara bigodudo transformou os animais da floresta em robôs. Favor ajudar”. Entretanto, esses jogadores que eu encontro e que gostam muito das historinhas dos games são pessoas também da minha idade. E, mesmo nas décadas de 1980 e 1990, havia títulos como Final Fantasy VI, Phantasy Star e outros RPGs que contavam enredos emocionantes.

Cena do game Final Fantasy VI
Emoção em pixel art em Final Fantasy VI (Foto: Square Enix/Divulgação)

Pode ser que a maioria dos jogadores realmente prefiram história a jogabilidade. E está tudo bem. Inclusive agora estou jogando um jogo que mais parece um seriado e estou adorando, o Life is Strange. E curto esses títulos mais lentos, com pouca gameplay, focados em narrativa. O que eu não gosto muito são de jogos de ação que interrompem a adrenalina para botar uma cinemática de três minutos. Mas essa preferência é de jogador para jogador.

Fico feliz que os videogames estejam evoluindo e possam provocar as mais diversas experiências para quem está jogando. Seja contar uma boa história, seja ter uma mecânica muito divertida.

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