Governar é tomar decisões. A pusilanimidade é o ato de não governar. Carlos Moisés da Silva escolheu um caminho de aporte de verbas do orçamento estadual em obras de um esquecido governo federal para com as coisas de Santa Catarina. O gesto, controverso, não encontra unanimidade entre a população, mas precisa ser respeitado como um ato de gestão administrativa.

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Da mesma forma que o morador do extremo-oeste, por exemplo, poderá reclamar das péssimas condições de uma rodovia estadual. É uma aposta do governador.

É uma escolha de Moisés, que pode melhorar a vida da população com a aceleração da duplicação da BR-470 no Vale do Itajaí.  São R$ 300 milhões que o Estado está doando ao Dnit nesta obra, e mais R$ 150 milhões para as BRs 163 e 280.

>Após BR-470, impasse de SC com Dnit atrasa obra na BR-280

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A coluna critica o fato de não haver, por enquanto, nenhuma contrapartida do Planalto. Nem sequer entrou na pauta, até o momento, o abatimento da dívida com a União, como já ocorreu no passado.

Conforme informamos na última semana, dados do Painel de Obras do Ministério de Infraestrutura mostram que Santa Catarina é o Estado da Região Sul que menos recursos recebe. Além disso, apesar de Santa Catarina  arrecadar 3,91% de tributos de todo o Brasil, as obras em execução no momento representam 2% do investimento do Ministério de Infraestrutura em 2021.

A teoria do pires na mão se inverteu. O anedotário político tem a imagem dos prefeitos e governadores indo a Brasília com o pires na mão em busca de dinheiro. Agora não, quem levou o dinheiro é quem tem direito a uma reciprocidade de retorno de investimentos e está perdendo o jogo na balança de compensações.

De positivo, o fato de que Santa Catarina conseguiu, com a  revisão de contratos, chegar a uma situação financeira bem melhor do que estava em governos anteriores, com as contas em dia e dinheiro no caixa.

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Entretanto, a sinalização que passa ao governo federal e aos outros ministérios pode ser a de que Santa Catarina é um Estado rico, superavitário e que não precisa de dinheiro e tampouco seja prioridade.

Cabe às nossas lideranças empresariais, associativas e políticas fazerem um levantamento de todas as obras paralisadas, atrasadas, convênios vencidos e encontrar os projetos perdidos nos escaninhos das repartições de Brasília. Com base nesses dados, é cobrar do governo federal o que Santa Catarina tem direito.

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