O Brasil assiste, inerte, às maiores afrontas vindas da mais alta corte do país — e não reage. Como se estivesse anestesiado, preso a uma apatia crônica que transforma abusos em rotina. Ou, pior, hipnotizado pela polarização que cega a razão e desvia o olhar dos temas que realmente importam.
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Bastou uma semana para que dois episódios escancarassem a face atual do Supremo Tribunal Federal, vendido por militantes ideológicos como “exemplo de resistência democrática”, sustentado pela falácia da força institucional.
Vamos aos fatos:
Primeiro ato: Gilmar Mendes decide que só a Procuradoria-Geral da República pode pedir impeachment de ministros do STF. Uma aberração jurídica. Um escudo corporativo que mutila a Constituição e arranca do Senado uma prerrogativa histórica. Se o modelo é falho, que se mude pelo caminho correto: o Legislativo. Mas não — preferem blindagem.
Segundo ato: Dias Toffoli puxa para a Corte qualquer decisão envolvendo o Banco Master. Detalhe: segundo apuração de Felipe Moura Brasil, a esposa do ministro, Roberta Rangel, foi sócia por dois anos (2021–2023) do advogado Walfrido Warde, contratado por Daniel Vorcaro, dono do Banco Master — cujo caso agora está sob relatoria do próprio Toffoli, em sigilo. Coincidência? Talvez. Mas prudência exigiria afastamento imediato. Não aconteceu.
O recado é claro: o STF não está preocupado em cumprir a Constituição. Está ocupado em se proteger. Em criar muralhas contra qualquer tentativa de responsabilização. Lembram da promessa de “voltar à normalidade” depois de “livrar o país de Bolsonaro”?
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Pois é. Eis o novo normal: uma Corte que legisla, julga e se autopreserva, enquanto a sociedade assiste, muda e paralisada.
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