A distância entre São João do Oeste e Florianópolis é de cerca de 687 quilômetros. Se considerarmos ida e volta, são 1.374 quilômetros de chão. Agora imagine ter que fazer isso 104 vezes. Essa é a via-sacra de Lisete Ternus, 59, vereadora pelo PSDB, que já precisou percorrer 142 mil quilômetros entre a cidade do Extremo Oeste e a Capital catarinense, tudo por conta de um tratamento médico indisponível em sua região de origem.
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Ela sofre de Líquen Plano (doença inflamatória não contagiosa que afeta a pele, a boca, o couro cabeludo, as unhas e os genitais), Diabete Lada (forma de diabetes autoimune que se desenvolve na idade adulta e combina características do tipo 1 e do tipo 2) e Hipotireoidismo.
O tratamento no litoral iniciou em 2015 no Hospital Universitário (HU) e na Maternidade Carmela Dutra, em Florianópolis.
Ela espera o fim desse calvário com o sonho da construção e operação de um suposto Hospital Universitário, em Chapecó.
A luta pela construção de um Hospital Universitário da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), em Chapecó, avança e ganha mais apoio em todo o Oeste catarinense. O movimento, que envolve a universidade, entidades da sociedade civil organizada, lideranças regionais e o Fórum Parlamentar Catarinense, tem como principal bandeira garantir um atendimento de alta complexidade e fortalecer o ensino, a pesquisa e a extensão em saúde na região.
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O deputado federal Pedro Uczai (PT/SC), que coordena o Fórum Parlamentar Catarinense e lidera essa mobilização, destaca que o Hospital Universitário já foi apontado como prioridade número um da macrorregião de Chapecó nas audiências públicas realizadas pelo Fórum em todo o estado.
“Percorremos todas as regiões de Santa Catarina e, no Oeste, a prioridade número um foi o Hospital Universitário. Desde então, o movimento só cresceu. Já são 37 moções aprovadas em Câmaras de Vereadores, além do apoio da Assembleia Legislativa do Estado, um abaixo-assinado com milhares de adesões e o envolvimento direto de diversas entidades regionais. É uma causa coletiva, que nasce do povo e da comunidade acadêmica”, afirmou Uczai.
Nos dias 1º e 2 de julho, representantes da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) estiveram na UFFS, em Chapecó, para uma visita técnica e reunião com a reitoria e lideranças locais.
A Ebserh iniciou o estudo de viabilidade técnica para a construção do Hospital Universitário, etapa fundamental para a consolidação do projeto.
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Além disso, durante o 3º Encontro de Lideranças Municipalistas Catarinenses, realizado em Brasília, foi entregue ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, um dossiê elaborado pela UFFS, lideranças e entidades da região, destacando a importância estratégica do Hospital Universitário para o desenvolvimento do Oeste de Santa Catarina.
O projeto arquitetônico e técnico do Hospital Universitário deve demandar entre R$ 8 e R$ 10 milhões. A estimativa é que a obra do hospital custe cerca de R$ 260 milhões para ser construído e R$ 300 milhões anuais para sua manutenção.
Orçamento
O grande desafio é conseguir os recursos. Não apenas para realizar o projeto e construir, mas para custeio. O governo Lula 3 é marcado pela política de expansão de gastos e agravamento da crise fiscal. Os recursos da União destinados para o DNIT/SC, por exemplo, começaram com valores históricos em 2023 e 2024, mas estão minguando em 2025 e a projeção não é das melhores para 2026.
A UFSC, segundo a Reitoria, tem recursos apenas até outubro, cortou gastos e sofre com prédios inacabados e que precisam de reformas.
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Lula anunciou mais 100 Institutos Federais pelo país. Mas, em Santa Catarina o problema do IFSC é a falta de recursos e necessidade de verbas.
Enfim, o HU no Oeste é justo e necessário. Entretanto, fica o desafio de garantia dos recursos para colocá-lo em pé, e, principalmente, mantê-lo em plena operação.
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