Será factível um feliz 2019? Nesta terça, quando o leitor abrir o olho, a “criança” já terá nascido e haverá uma vida nova lá fora – para o Bem ou para o Mal. Depois das farras de fim de ano, inclusive as farras legislativas, que aprovaram direitos e aumentos salariais para poucos, os governantes inauguram – em pleno Dia Universal da Ressaca, o 1º de janeiro – aquele discurso mais antigo do que a Sé de Braga:
Continua depois da publicidade
– Vamos fazer um severo ajuste fiscal. É proibido gastar…
Depois das promessas de campanha, que anunciavam a retomada das obras paralisadas, a extinção dos cargos comissionados, o combate permanente à corrupção, chegou a hora de o povo pagar o pato. Vêm aí as reformas – sempre adiadas, sempre necessárias – desde que “os outros” paguem a conta. É a tal história: depois que os políticos e as corporações mais poderosas asseguraram o seu pirão primeiro e um régio aumento salarial, agora chega a conta para “a malta” pagar.
°°°
O que mais haverá desta vez? Confisco da poupança? Supressão do seu emprego? Ajuste fiscal? Compactação de gastos? Reforma tributária? Reforma patrimonial? Privatização galopante? Estatização dos prejuízos? No final das contas, teremos de tudo um pouco. Convém ficar atento para o vocabulário corrente. Está aberta a temporada das “novidades impactantes”.
Continua depois da publicidade
– Decretada a “inconversibilidade temporária de haveres”!
Lembram-se? Foi assim, com esse “apelido”, que Collor confiscou a nossa poupança! Sai pra lá belzebu!
Na falta de informações concretas, o superministro e o “oráculo” de faixa nova deveriam ser mais cautelosos e apenas aguçar a curiosidade geral:
– Hoje é quarta-feira, dia 2 de janeiro. Muito bem. Vamos respeitar as festas e esperar até o fim do verão. Depois do Carnaval vamos anunciar uma série de medidas de impacto!
°°°
Muito cuidado com a palavra “ajuste”. Os ajustes nunca são justos. São desajustes. Significam desidratação de salários (só os do povão, claro) ou aumento de preços. E de impostos. É o habitual tarifaço, pelo qual o governante garante o caixa ainda no berçário do primeiro ou do segundo mandato. Governo novo é bebê lactente. Sua vida é mamar imposto novo e reajustar os velhos. Trabalhar, mesmo, só em março. E só um pouquinho, pra “disfalçar“, como diria o Mané.
Continua depois da publicidade