Não há regras mais volúveis do que as da Justiça Eleitoral para as eleições brasileiras. Tudo é mutável, menos a origem sempre obscura do dinheiro para financiar campanhas.
Continua depois da publicidade
Agora, estão autorizando o autofinanciamento. Com a proibição das doações empresariais, permitirão que cada candidato se endivide para financiar sua campanha com empréstimos individuais. Até R$ 2,5 milhões para um mandato de deputado federal. E até R$ 1 milhão para deputado estadual.
Adivinhem quem serão os avalistas. Não resta dúvida que serão os “sujeitos ocultos”. Empresas. Que tentarão “buscar” o retorno depois da eleição do seu “avalizado”.
O novo fundo dos partidos – dispondo da bagatela de R$ 1,7 bilhão – será dirigido ao financiamento dos partidos maiores, dentro de um fragmentado quadro de mais de 35 partidos. Verdadeira Babel. Com esse recurso público, os partidos apostarão nos atuais detentores de mandatos, “mais conhecidos” e “por isso, mais baratos de eleger”. Como resultado, os analistas já preveem uma baixíssima renovação no Congresso, no máximo de uns 30%.
A nova regulamentação do TSE para as eleições de outubro privilegia os caciques e favorece a reeleição dos atuais parlamentares. Má notícia. Que deveria ligar imediatamente o “alerta” dos eleitores, se estes ainda desejam cumprir pelo menos 50% daquela meta ideal, baseada no “não reeleja ninguém” ou “desempregue um político”. Renovar o Congresso já está parecendo uma verdadeira missão impossível.
Continua depois da publicidade
Os partidos, contudo, continuam achando que a viúva é uma “reserva” eleitoral, cujo cofre é interminável. Ela não deixa de ser considerada “a proprietária do dinheiro público”, pública mulher muito assediada mesmo nesses tempos de Lava-Jato. É a viúva sempre cortejada, ainda que o momento seja de crise e de vigília.
Sabendo que no Brasil a impunidade é um direito muito humano, os arrecadadores de campanha não desistem de acariciar o cangote da viúva, sequiosos por sugar-lhe a carótida – e sentir o inebriante perfume de mulher.
***
A Viúva é mulher quase ubíqua e oblíqua, que os políticos cortejam de esguelha, pois nesses tempos bicudos já não convém dar muito na vista – logo agora que a Opinião Pública – essa outra mulher tão desejada – anda de olho nos movimentos da “mão boba”.