Não é preciso ser um Nostradamus para imaginar o nó górdio que tornará intransitável o caminho das praias daqui a dois ou três verões. O que espanta “gregos e goianos” é que essa perspectiva não assusta as autoridades. As montadoras estão superando a crise e vendendo bem os seus carrinhos. Aparentemente, todos estão felizes: o Detran e a Secretaria da Fazenda, que capitalizam o IPVA. E os animados proprietários das “borrachas novas”, que imaginam ter ganho uma eficiente carruagem para rodar pelas estradas da Ilha.
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Não dou dois anos para que um engarrafamento-monstro se instale num mês de janeiro na SC-401. E que registre em apenas uma hora dois partos, cinco acidentes fatais, três resgates de helicópteros e um pedido de refúgio ao Alto Comissariado da ONU contra o abandono em auto-estradas, ao frigir do sol.
Acordamos tarde, depois que as 30 montadoras de veículos existentes no país instalaram o verdadeiro labirinto urbano. Fôssemos uma cidade com planejamento e vontade política, já teríamos o rodoanel para retirar o trânsito pesado das vias de acesso citadino. E corredores urbanos para o BRT, o autêntico “ônibus-metrô”. Mais um transporte marítimo de massa e pelo menos mais umas duas pontes e uns três túneis, vencendo a acidentada geografia urbana.
Se ainda precisamos conviver com os automóveis que, na ilha, já dão em árvore, necessitamos de uma infraestrutura renovada. Há quantas décadas não se constrói uma única rodovia de “alívio”, como, por exemplo, a duplicação do acesso à BR-282, no continente, antigamente conhecida como “Via Expressa”?
O Córrego Grande é um bom exemplo. Edifícios de 10 andares autorizados na ruazinha entre o trevo da UFSC e o Morro da Lagoa. Um caos.
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Ao invés da regulação de um estatuto citadino com visão prospectiva do futuro, o que vemos nos últimos anos é a prevalência de uma força-tarefa interessada em paralisar a cidade e decretar o seu total engessamento, por meio de um Plano Diretor confuso e desorientado. Que “aboliu” a quarta ponte – (já deveria ter sido inaugurada) – e planeja o isolamento da Ilha em nome de um movimento supostamente antimercado. Ou seja: uma paralisia cuidadosamente cultivada e devidamente “contratada” para o futuro.