Até agora discreto em meio à crise do PSL, o governador Carlos Moisés da Silva (PSL) aproveitou mais uma vez espaços na imprensa nacional para se posicionar. Em entrevista à revista Veja que circula neste final de semana, o catarinense disse que o racha não é apenas o antagonismo entre o presidente Jair Bolsonaro e o comandante da sigla, deputado federal Luciano Bivar, mas “uma disputa partidária, porque o partido se tornou algo valioso”.

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Não é a primeira vez que o governador usa esse tipo de espaço para recados mais amplos. Em junho, ao Estadão, disse que o governo Bolsonaro deveria priorizar pautas mais relevantes do que o ensino domiciliar e as mudanças no Código Brasileiro de Trânsito, em voga na época. Depois, em agosto, em entrevista à Folha de S. Paulo ironizou o "pessoal da arminha" – referência ao grupo mais radical do partido. Nesta nova entrevista, embora poupe Bolsonaro de críticas, Moisés foi duro que, segundo ele, “defende causas excludentes”.

– É um grupo pequeno, formado por alguns deputados e políticos que se elegeram com o apoio de 1% ou 2% da população dos seus estados. Essa é a porcentagem de pessoas que pensam dessa forma. Eles se alimentam da violência e precisam criar fatos e agredir alguém nas redes sociais para manter um pleno diálogo com esses eleitores – disse o governador à Veja.

Ele também rebateu que tenha perdido o apoio de quatro dos seis deputados estaduais eleitos pelo PSL – Ana Campagnolo, Felipe Estêvão, Jessé Lopes e Sargento Lima – por questões ideológicas e distanciamento das políticas implantadas no governo Bolsonaro.

– Não são posições ideológicas, não. Eu diria que são questões até menos nobres, porque esses deputados fazem oposição ao governo por defenderem causas pessoais.

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Segundo Moisés, um desses parlamentares dissidentes pediu apoio para um projeto de lei que exigisse aplicação de exame toxicológico nos professores da rede estadual.

– Eu disse que achava ótimo, desde que todos os deputados e servidores públicos fizessem. E aí fui acusado de não apoiá-lo. Era uma perseguição contra uma categoria. Como vou apoiar um projeto sem qualquer razoabilidade? Isso não é ideologia, é querer protagonismo entre um grupo minoritário que ofende os professores – afirmou o governador.

Moisés voltou a dizer que considera Bolsonaro mal compreendido em algumas falas e defendeu a agenda do governo federal. Pontuou, no entanto, que “o presidente reuniu pessoas em torno de uma causa, que levantou bandeiras contra a corrupção”, mas que “é inegável que para essa causa vieram os republicanos e os não republicanos”.

Sobre a disputa interna do PSL, Moisés afirmou que o partido se tornou “valioso” e que essa é a razão do racha.

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– Não no sentido meramente monetário, mas se tornou o maior partido do país, terá o maior tempo de TV, um dos maiores fundos partidário e eleitoral.

Moisés evitou comentar a participação dos filhos do presidente Bolsonaro no episódio e na atuação do governo federal (“não me refiro a eles e espero que eles nunca se refiram a mim”). Questionado se deixaria o PSL caso o presidente opte por buscar outra sigla, foi categórico:

– Enquanto o partido me desejar, eu não tenho nenhuma necessidade nem vontade de deixar a agremiação.

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