O ano era 1928 e Santos Dumont ainda era vivo. Naquele dezembro, o primeiro acidente aéreo comercial do Brasil matou os 14 tripulantes do hidroavião P-Baca, que levava o nome do “pai da aviação”. A tragédia teve grande repercussão para a época e entristeceu bastante Santos Dumont, mas o que poucos sabem até hoje é que uma das vítimas, um jovem de 25 anos, era blumenauense. Gustav Butzke está enterrado no cemitério luterano, bem no Centro da maior cidade do Vale do Itajaí.
Continua depois da publicidade
Receba notícias de Blumenau e região por WhatsApp
Gustav era mecânico e um dos tripulantes do voo feito para dar boas-vindas a Santos Dumont no retorno dele ao Brasil. A ideia era fazer um sobrevoo perto do navio em que o inventor estava. O avião decolou na Baía da Guanabara (RJ) para lançar flores e mensagens de boas vindas ao famoso brasileiro. A aeronave, no entanto, caiu e afundou no mar a poucos metros da Ilha das Cobras.
O próprio Santos Dumont, abalado com o ocorrido, acompanhou as buscas pelas vítimas por vários dias. O jornalista Carlos Braga Mueller contou em uma publicação que o primeiro a ser resgatado foi Gustav. Ele foi levado ao hospital com vida, mas não resistiu às fraturas na cabeça, pernas e à grande ingestão de água. O corpo do mecânico foi trazido a Blumenau para o enterro. Gustav trabalhava na Condor Sindikat, fabricante do hidroavião.
Quem passa pela quadra A do cemitério da comunidade luterana pode ver o túmulo do jovem blumenauense. Produzido pela marmoraria Haas, o jazigo tem o desenho do avião, folhas de carvalho e engrenagem e ferramentas de mecânico, para remeter à profissão de Gustav.
Continua depois da publicidade
Veja fotos
Quem era Gustav
O pesquisador Adalberto Day escreveu sobre Gustav, que era conhecido como Bubi Butzke. Vindo de uma família humilde, aprendeu sobre mecânica de automóvel ainda na época da escola. Ao servir o Exército, teve oportunidade de desenvolver as habilidades, ganhando a confiança do capitão da época.
Logo depois de terminar o período no quartel, decidiu se mudar para o Rio de Janeiro, onde passou a trabalhar na Condor Sindikat (que depois viraria Cruzeiro do Sul). Foi na empresa que realizou o sonho da profissão, tornando-se mecânico de bordo.
O jovem talento, porém, teve a trajetória interrompida pelo trágico episódio.
Leia mais
Calorão tira cobras do ninho e Blumenau vive “invasão” de serpentes no início de 2025