A quantidade de dias seguidos de calorão em Blumenau neste começo de ano tirou as cobras da toca. Não à toa, se tornaram comuns as notícias de resgate de serpentes na cidade. Os dados do Corpo de Bombeiros Militar mostram que entre janeiro e fevereiro de 2025 a corporação recebeu, em média, dois chamados diários por causa de cobras que cruzaram o caminho de humanos — ou ao contrário.
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As cobras costumam sair do ninho nos dias quentes em busca de comida e também para acasalamento. Por isso, em todo verão ocorre uma enxurrada de encontro de serpentes em residências. Nos dois primeiros meses do ano passado, foram 52 ocorrências atendidas pelos bombeiros. Mas neste mesmo período em 2025, o indicador saltou para 95. Ao longo de 2024 inteiro, o número ficou em 274 chamados.
É que além dos dias consecutivos de temperaturas muito elevadas, obras como terraplagem em áreas verdes acabam destruindo o habitat das cobras e, por consequência, elas acabam aparecendo nos imóveis próximos. De acordo com o sargento Airton Cesar Schmits, as mais perigosas encontradas com frequência em Blumenau são as corais, a jararaca e a jararacuçu.
Apesar do encontro de cobras com humanos ter se tornado mais recorrente, os acidentes envolvendo as serpentes não ocorrem na mesma proporção. Em 2025, por exemplo, foram dois casos na cidade, até o momento. Um envolvendo um homem internado no Hospital Santa Catarina e o outro de uma menina encaminhada pelos bombeiros ao Hospital Santo Antônio.
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— Tendo acidente com serpente, precisar ligar para o Corpo de Bombeiros (193) ou para o Samu (192), para receber o primeiro atendimento e ser encaminhado ao médico. Não pode tentar tratar em casa — alerta Schmits.
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Na manhã desta terça-feira (11), ouvintes do Cafezão, da Rádio Atlantida, compartilharam alguns dos registros feitos este ano quando se deparam com cobras em casa (veja fotos abaixo).
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O que fazer quando encontrar uma cobra?
De acordo com o sargento Airton Cesar Schmits, do Corpo de Bombeiros Militar de Blumenau, a recomendação ao encontrar uma cobra é ligar para o 193. O atendente vai pedir informações sobre as características da serpente e passar um número de WhatsApp para a pessoa enviar uma foto do animal, com o máximo de qualidade a imagem.
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Se for identificado que não se trata de uma cobra peçonhenta, o atendente passa informações sobre como proceder. Se for uma serpente peçonhenta, que pode provocar um acidente, uma equipe é enviada ao local para captura e posterior soltura em área de mata. Mas por que os bombeiros não vão ao local indepentemente de ser peçonhenta ou não? Porque a viatura que atende esses casos é a mesma mobilizada em acidentes de trânsito e incêndios, por exemplo.
— A recomendação ao se deparar com cobras é tratar todas como perigosas, por segurança — alerta o bombeiro.
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Como prevenir acidentes com cobras?
- Não andar descalço;
- Olhar sempre com atenção o local de trabalho e os caminhos a percorrer;
- Usar luvas de couro nas atividades rurais e de jardinagem. Nunca colocar as mãos em tocas ou buracos na terra, ocos de árvores, cupinzeiros, entre espaços situados em montes de lenha ou entre pedras;
- Tampar as frestas e buracos das paredes e assoalhos
- Não depositar ou acumular material inútil junto à habitação rural, como lixo, entulhos e materiais de construção;
- Manter sempre a calçada limpa ao redor da casa;
- Controlar o número de roedores existentes ao redor das casas: a diminuição do número de roedores irá evitar a aproximação de serpentes peçonhentas que deles se alimentam;
- Não deve ser feito o manuseio de serpentes vivas. Não tocar nas serpentes, mesmo mortas, pois por descuido ou inabilidade há o risco de ferimento com as presas;
- Proteger os predadores naturais de serpentes como as emas, as siriemas, os gaviões, os gambás e cangambás.
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O que fazer em caso de acidente com cobra?
- Lavar o local da picada somente com água e sabão;
- Manter o acidentado em repouso. Se a picada tiver ocorrido no pé ou na perna, procurar manter a parte atingida em posição horizontal, evitando que o acidentado ande ou corra;
- Levar o acidentado o mais rapidamente possível a um serviço de saúde e/ou ligue para o CIATox/SC (08006435252). O soro é o único tratamento eficaz no acidente ofídico e deve ser específico para cada tipo (gênero) de serpente;
- Se possível, levar o animal ou uma foto do animal para identificação;
- Não colocar substâncias no local da picada, como folhas, querosene, pó de café, pois elas não impedem que o veneno seja absorvido, pelo contrário, podem provocar infecção;
- Evitar que o acidentado beba querosene, álcool ou outras bebidas, pois estas além de não neutralizarem a ação do veneno, podem causar intoxicações;
- Não amarrar o membro acometido, fazendo torniquete ou garrote, pois isso dificulta a circulação do sangue podendo produzir necrose ou gangrena e não impede o veneno de ser absorvido;
- Não se deve cortar o local da picada. Alguns venenos podem inclusive provocar hemorragias e o corte aumentará a perda de sangue;
- Não chupar o local da picada, pois não se consegue retirar o veneno do organismo após a inoculação. A sucção pode piorar as condições do local atingido.
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