Anualmente, quando chega o inverno, Florianópolis recebe a visita das baleias francas. Os mamíferos migram para as águas mais quentes do litoral catarinense para se reproduzirem e amamentarem seus filhotes. O Sul da Ilha, por exemplo, é um dos pontos mais famosos para avistamento.
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No último domingo (8), a primeira baleia da temporada foi registrada junto com um filhote próximo à Praia do Campeche. O fotógrafo Rafael Paz, especializado em imagens da natureza, foi um dos primeiros a capturar o momento.
— Eu estava ansioso, porque a primeira baleia havia aparecido em Santa Catarina na semana retrasada, em Garopaba. Então fiquei aguardando elas chegarem aqui em Floripa. Quando avisaram em um grupo no WhatsApp que tinham avistado uma baleia na praia cedo, corri com o drone pra lá na mesma hora! — relata.
A temporada de baleias movimenta uma rede de fotógrafos e observadores que se comunicam por grupos no WhatsApp. Há pelo menos dois ativos: um deles já está lotado, com mais de 500 membros, enquanto o outro tem cerca de 300 participantes. Quando alguém avista uma baleia, a notícia se espalha e os fotógrafos se mobilizam para registrar o momento.
Mas nem todos dependem desses grupos. Tiago Ghizoni, que recentemente foi premiado pela Associação Catarinense de Imprensa (ACI) por suas imagens de baleias, prefere um método mais intuitivo.
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— Eu moro relativamente perto, geralmente vou pra lá pra observá-las. Não tenho nenhuma estratégia muito mirabolante, não. Eu geralmente vejo a previsão do tempo na noite anterior pra ter uma boa luz no amanhecer, acordo cedo e vou pra praia. Chegando lá, checo se tem alguma na água ou não — explica.
Veja a primeira baleia avistada em Florianópolis
Veja fotos de baleias em Florianópolis
As regras para o avistamento responsável
Há uma série de normas para garantir a proteção às baleias durante os avistamentos. O Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA/ICMBio) recomenda que drones e embarcações mantenham uma distância mínima de 100 metros. Além disso, não é permitido nenhum tipo de turismo embarcado para avistamento de baleias em águas catarinenses.
As baleias, vale lembrar, estão inclusas na Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca, uma unidade de conservação federal criada para proteger a espécie. Geralmente, elas vêm ao Estado entre julho e novembro, especialmente na área central da APA, em Imbituba, Laguna e Garopaba. Porém, a espécie aparece em toda a área, que vai do Sul de Florianópolis até Balneário Rincão.
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— A gente tem fêmeas que chegam grávidas para o nascimento dos filhotes e a gente pode ter também algumas baleias adultas que vêm para o acasalamento. Elas vêm procurar baleias receptivas, machos, fêmeas, enfim, que daí não são baleias que estão grávidas — explica Karina Groch, diretora de pesquisa do Instituto Australis/ProFranca.
As baleias-francas têm um filhote a cada três anos, sendo que cada gestação dura um ano. Assim, as baleias que estão tendo filhotes por aqui acasalaram um ano atrás, não necessariamente no Brasil. Os animais que eventualmente interagirem e acasalarem este ano darão à luz daqui um ano.
A procura por essa região para que elas tenham seus filhotes se dá pela temperatura das águas, mais quentes em comparação com a Antártica, onde elas se alimentam no verão. Por aqui, elas não se alimentam, somente consomem a reserva energética adquirida no verão, explica a diretora de pesquisa.
Na costa catarinense, elas encontram ainda um mar menos agitado, com enseadas protegidas e livres de predadores naturais, como orcas e tubarões. Esse ambiente propicia mais segurança para que as fêmeas tenham seus filhotes, amamentem e, depois de dois a três meses, retornem.
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— Por isso é tão importante que a gente tenha aqui a Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca, que vai até o Sul de Floripa, até a Lagoinha do Leste. A gente tem diversas normas de cuidados com as baleias para prevenir o molestamento delas. É importante as pessoas respeitarem isso, porque assim a gente vai continuar tendo a população de baleias-francas crescendo e poder vê-las por aqui — detalha a diretora.
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