O escritor Fábio Garcia, idealizador da Editora Cruz e Sousa, vai ser homenageado pela Academia de Letras dos Militares Estaduais de Santa Catarina. Anualmente, a entidade reconhece um profissional que tenha se destacado no cenário literário. Garcia vai receber a comenda pela obra “Ildefonso Juvenal da Silva: um memorialista negro do Sul do Brasil” (volumes 1 e 2), nesta quarta-feira (2), em Florianópolis.

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A biografia mostra que Ildefonso Juvenal da Silva foi escritor, orador, militar e farmacêutico brasileiro, sendo o primeiro homem negro a se formar em uma instituição de ensino superior em Santa Catarina, em 1924.

A cerimônia será às 20h desta quarta-feira (2), na Associação Clube Barriga Verde dos Oficiais, no bairro Trindade, em Florianópolis.

Edenice Fraga, presidente da Academia de Letras dos Militares, explica que, seguindo o artigo 53 do estatuto da entidade, a escolha do nome se deu por aprovação em assembleia. A tenente-coronel destaca um fato relevante acerca da obra escrita por Garcia.

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— Ildefonso Juvenal foi um major da PM. Por isso, o agradecimento da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros, da história da Corporação e da literatura em geral.

130 anos do principal intelectual negro do Sul pós-abolição

Formado em História pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Fábio Garcia é autor de títulos como: Negras Pretensões, A Educação para as Relações étnico-raciais, Africanidades Catarinenses, Gustavo de Lacerda: vida e obra de um jornalista negro catarinense. Para ele, a homenagem se dá em uma data importante.

— Neste ano de 2024, estamos comemorando os 130 anos de nascimento de Ildelfonso Juvenal, o principal intelectual negro do Sul do Brasil no pós-abolição. Esse homem foi um gigante, atuando em muitas frentes, inclusive, como dono de jornais, e organizando clubes negros em Florianópolis e clubes de remo, uma pessoa propositiva nas diferentes fases da vida — explica Garcia.

Se a obra de Ildefonso é extraordinária do ponto de vista de legado – mais de 4. 500 artigos em jornais e 17 livros – quem atualmente tem compromisso com a literatura, como Garcia, vive a duelar.

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— Trabalhar com literatura livre é um grande desafio, especialmente se considerarmos a especificidade da Editora Cruz e Sousa, que é trabalhar com temáticas negras e ofertar livros a partir do gênero infanto-juvenil. O Estado não demonstra entendimento sobre a importância do debate racial na política de ensino, seja da história africana ou afro-brasileira — diz.

O editor do selo Cruz e Sousa lembra que, em maio, o Tribunal de Contas do Estado publicou um levantamento mostrando que 80% das prefeituras catarinenses não possuem políticas específicas para a educação.

Outro fato que Garcia considera negativo para o cenário é a não aquisição de obras relacionadas ao tema por parte da Secretaria de Estado da Educação. Conforme ele, o edital para aquisição de livros deixado pelo governo anterior foi cancelado.

— Seguimos produzindo e em breve lançando novos livros, como a história do ex-governador Abdon Batista, outro negro que se destacou no cenário da política catarinense e seria importante que a população o reconhecesse — diz Garcia.

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