Aini, de 18 anos, recebeu a notícia de que foi aprovada em Harvard, uma das maiores universidades dos Estados Unidos, em março deste ano, após semanas de muita apreensão e anos dedicados ao estudo. A adolescente mora em um sítio em Urupema com a família e estudava em Lages, na Serra catarinense. Agora, após a aprovação, a jovem pretende se mudar para os Estados Unidos para começar os estudos na universidade. 

Continua depois da publicidade

Clique aqui para receber as notícias do NSC Total pelo Canal do WhatsApp 

Aini do Rio Apa Vicenzi recebeu a notícia de que foi aprovada na universidade no dia 27 de março, no famoso Ivy Day, quando saem os resultados das universidades mais prestigiadas dos EUA.

Apesar de ter se preparado por anos, a jovem ainda estava apreensiva com o resultado, mas assim que recebeu a aprovação, a festa foi garantida.

— Mandei mensagem para o meu namorado e amigos, liguei para a minha família, o coração batendo forte. Foi uma das experiências mais incríveis e marcantes da minha vida — relembra a estudante. 

Continua depois da publicidade

Aprovação foi celebrada com felicidade

De acordo com Aini, a família sempre apoiou e incentivou os estudos. A mãe, Hatsi do Rio Apa, conta que a notícia da aprovação foi um momento de muitas emoções.

— Eu pedi pra ela me mostrar a carta de aceitação umas dez vezes. Aí foi uma choradeira, gritaria, pura felicidade. Ficamos um pouco ansiosos por causa da bolsa, pois não teríamos a menor condição de pagar o estudo dela lá, mas depois de alguns dias veio a resposta: ela ganhou bolsa total. É realmente maravilhoso —, conta a Hatsi.

Em conversa com a NSC Total, a mãe da estudante relembrou ainda os momentos de muito esforço da jovem.

— Ela passava a semana em Lages em um quarto alugado pra conseguir estudar. Foi intenso, mas foi preciso. Demos todo o apoio que pudemos. É como falamos pra ela: é uma decisão. Você precisa decidir e ir em frente, não desistir.

Continua depois da publicidade

Como foi a rotina de preparação 

A aprovação foi um sonho que se tornou realidade, mas os estudos começaram cedo. 

Aini tinha apenas 10 anos quando percebeu que gostaria de fazer um intercâmbio. Depois de passar em um programa de estudos aos 15 anos, a adolescente conseguiu viajar para a Índia para estudar com jovens de diversos países.  

Depois dessa oportunidade, a jovem começou a se perguntar se a aprovação em alguma universidade nos Estados Unidos seria possível e decidiu que iria tentar.  

— Eu tinha chance? Na época eu não sabia, mas decidi arriscar e embarcar nessa aventura. Muitas vezes, se o ambiente não favorece, você mesmo precisa acreditar em si, tomar a atitude e criar suas próprias oportunidades, desenvolvendo projetos, clubes e explorando suas paixões — conta Aini.

Continua depois da publicidade

A rotina era repleta de reuniões, aulas em período integral e muito estudo. Por morar longe da escola, Aini pegava um ônibus de Urupema para Lages nas segundas, logo pela manhã, e voltava para casa apenas às sextas. 

— Nas segundas, eu acordava às 6h e pegava um ônibus para Lages, onde eu permanecia até sexta após minha aula no colégio, onde tinha uma bolsa de estudos. Durante o resto da semana eu acordava às 5h30min da manhã, ia para a academia com o meu namorado e às 7h55min, ou 7h30min, dependendo do dia, minhas aulas da escola começavam — relembra. 

Veja fotos de Aini

Os estudos e pesquisas eram intensas e a carga horária da escola no ensino médio foi um grande desafio para Aini, que precisou se adaptar diversas vezes. 

Continua depois da publicidade

— Foi difícil dar conta de tudo. Eu precisei ir 4 vezes para Joinville com meu pai para fazer o SAT, prova padronizada utilizada no processo seletivo da Harvard, até alcançar a nota que eu precisava. Na última vez, a cidade inundou e eu fiquei ilhada por algumas horas antes de ir fazer o vestibular da UFSC — conta a estudante. 

— Foi uma época estressante, mas eu sabia que eu precisava continuar. Tinha determinação para não desistir do meu objetivo. Determinação para manter boas notas. Determinação para acordar cedo. Determinação para aproveitar cada segundo que eu tivesse para dar conta de tudo. Hoje eu vejo que valeu a pena — relembra Aini. 

A estudante também ficou na lista de espera de mais três universidades americanas: Yale, Connecticut College e Carleton College.  

Além disso, Aini passou em Mecânica na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) pelo vestibular e em Engenharia eletrônica na UFSC pelo ENEM. 

Continua depois da publicidade

Estudos sempre foram realidade 

A paixão de Aini por astronomia e engenharia aeroespacial começou cedo. Segundo a estudante, a curiosidade pelo universo começou com as histórias do avô. 

— Com imaginação, ele me fazia viajar por entre as galáxias e me perguntar sobre o que estaria escondido lá. Meus pais também sempre me incentivaram a estudar, me ensinaram a questionar, a tentar descobrir mais sobre o mundo e o universo — conta a menina prodígio.

A engenharia aeroespacial, por outro lado, é um interesse mais recente que despertou no ensino médio, quando a aluna teve contato com a física e a robótica. 

Prodígio da astronomia 

Em 2024, Aini conseguiu o feito de se tornar a primeira Astronauta Análoga catarinense, quando se formou em uma startup de incentivo à ciência de três dias. No curso, a jovem estudou e aprendeu astrobiologia, engenharia elétrica, pilotagem profissional e primeiros socorros.  

Continua depois da publicidade

Os inscritos também participaram de simulações de missões e treinamentos para operação com mini rovers (robôs exploradores como os usados pela NASA no espaço). 

Quem é a adolescente prodígio da astronomia e primeira astronauta análoga de SC

Ainda no ano passado, Aini fez um intercâmbio com o International Astronomical Youth Camp (acampamento astronômico internacional para jovens, em português) na Alemanha e pôde construir e lançar foguetes. 

A estudante também participou do intercâmbio internacional TechGirls 2023, programa internacional para garotas cientistas, na Instituto Politécnico e Universidade Estadual da Virgínia, nos Estados Unidos e do AFS Global STEM Academies 2022, um intercâmbio social voltado para ciência.

Veja fotos dos projetos de Aini

Continua depois da publicidade

A adolescente sempre esteve presente em projetos escolares e ganhou medalhas em várias olimpíadas nacionais e internacionais.  

— Foram coisas que eu fiz porque eu acreditava, não apenas para colocar no meu currículo. Em nenhum momento você deve começar algo apenas porque acredita que isso vai te fazer passar em uma universidade. Você deve começar algo porque tem paixão e é algo que você realmente vê sentido em fazer — aconselha Aini.

Planos para o futuro 

Aini ganhou uma bolsa completa da faculdade, que pagará todas as suas despesas. Agora, a estudante está esperando o visto americano para conseguir embarcar para os Estados Unidos.  

As aulas devem começar em setembro e, até o dia de ir embora, a estudante pretende aproveitar o tempo com a família, amigos e o namorado.  

Continua depois da publicidade

— Ir para Harvard é uma coisa que farei sozinha, pois não tenho como levar nenhum deles comigo, então o tempo que tenho com eles hoje é muito valioso — conta a estudante.

No futuro, a jovem pensa em ser pesquisadora na área de exoplanetas e ondas gravitacionais, assuntos que pretende se aprofundar e explorar mais em Harvard, e deseja inspirar outros jovens a estudar fora.  

— Quero apoiar outros jovens interessados em estudar fora mostrando os caminhos, incentivando e, eu espero, inspirando eles a não desistirem de seus sonhos — diz a futura pesquisadora. — Ser aceita em Harvard me provou que sou capaz e me mostrou que com dedicação e paixão, é possível alcançar coisas incríveis, mesmo que no início pareçam impossíveis.

Antonietas

Antonietas é um projeto da NSC que tem como objetivo dar visibilidade a força da mulher catarinense, independente da área de atuação, por meio de conteúdos multiplataforma, em todos os veículos do grupo. Saiba mais acessando o link.

Continua depois da publicidade

Leia mais

“A História que o Céu nos Conta”: projeto da NSC e IFSC é exibido em cinema de Florianópolis

Quem é o estudante de SC que vai representar o Brasil em olimpíada internacional